Ritmo, rima a alegria. São esses os principais ingredientes das lengalengas. Elas unem sonoridade e diversão e permitem à criança memorizar as palavras.
Também chamadas de abobrinhas ou cantilenas, estes textos são construídos com pequenas frases e já fazem parte de cultura popular.
Muitos deles revelam os costumes de uma época, e mostram às gerações atuais como viviam os seus avós. E todos incentivam à brincadeira com a repetição de palavras e expressões.
Há ainda os trava-língua. Eles compõem uma espécie de jogo verbal que desafia o jogador a falar rápido. Entretanto, ele deve pronunciar palavras difíceis, com sílabas de mesmo som.
O exercício das lengalengas e dos trava-línguas facilita a comunicação oral da criança, desenvolvendo o que os especialistas chamam de “consciência fonológica”. Mas essas cantigas e jogos de palavras conseguem mais do que isso: unem pais e filhos.
Belos momentos em família ocorrem quando cantamos com as crianças esses versinhos singelos. E observamos a sua euforia ao descobrir que conseguem reproduzir a cantilena com cada vez mais facilidade. Para recomeçar a brincadeira e só escolher uma lengalenga já! Nós temos algumas para si!
Joaninha voa, voa (Tem diferentes versões)
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um caldinho de galinha
Para dar à Joaninha.
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um rabinho de sardinha
Para comer que mais não tinha…
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai foi a Lisboa
Com um saco de dinheiro
Pra pagar ao sapateiro.
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai foi para Lisboa
Com um saco de farinha
Para ti, ó Joaninha.
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
A tua mãe no moinho
A comer pão com toucinho.
Joaninha, voa, voa
Que o teu pai foi pra Lisboa
Leva cartas para Lisboa
Que eu te darei pão e broa.
Arre Burrinho (Com diferentes versões)
Arre, burrinho,
vai para Azeitão,
carregadinho
de feijão.
Arre, burrinho,
vai para Loulé,
carregadinho
de café.
Arre, burrinho,
vai para Estremoz,
carregadinho
de arroz.
Arre, burrinho,
vai para Idanha,
carregadinho
de castanha.
Arre, burrinho,
vai para a Guarda,
carregadinho
de mostarda.
Arre Burrinho
Arre burro
De Loulé
Carregado
De água-pé.
Arre burro
De Monção
Carregado
De requeijão.
Arre burrinho
pra S. Martinho
carregadinho
de pão e vinho.
Arre burrinho
Arre burrinho
Sardinha assada
Com pão e vinho.
Lengalengas dos Dedos (Tem diferentes versões)
Pequenino (o dedo mindinho)
Seu vizinho (o anelar)
Pai de todos (o dedo médio)
Fura bolos (o indicador)
E mata piolhos. (o polegar)
Este diz: quero pão
Este diz: que não há
Este diz: que Deus dará
Este diz: que furtará
E este diz: alto lá.
O dedo mindinho quer pão
O vizinho diz que não
O pai diz que dará
Este o furtará
E o polegar: “Alto lá!”
Arco da Velha
Arco da velha,
Tira-te daí,
Menina donzela
Não é para ti,
Nem para o Pedro
Nem para o Paulo,
É para a velha
Do rabo cortado.
Serrar, serrar
Madeirinha ou pilar
O rei serra bem
A rainha também
E o duque?
Tuc, tuc, tuc (e faz-se cócegas a quem ouve)
As três pombinhas
Lá vai uma, lá vão duas,
Três pombinhas a voar,
Uma é minha, outra é tua,
Outra é de quem a apanhar.
As bruxas
A chover
A trovejar
E as bruxas
A dançar.
A chover
A fazer sol
As bruxas
A comer pão mole.
Está chover
Está a nevar
Estão as bruxas
De cu pró ar.
Está a chover
Está a fazer Sol
Estão as bruxas ao crisol (caldeira).
Lengalenga do Caracol (para exercitar expressões corporais)
O caracol estava a chorar (esfregar os olhos)
Queria o sol para brincar (desenhar uma roda no ar)
Estava a chorar, não pôde sair (fazer com os dedos a chuva a cair)
Foi para casa e pôs-se a dormir (juntar as mãos para fazer o sinal de dormir)
Ao outro dia, ao acordar (a espreguiçar)
Pôs os pauzinhos logo no ar (com os dedos indicadores fazer os pauzinhos)
Foi à janela e viu o sol (cruzar os braços)
Já pode ir brincar, Senhor Caracol! (bater palmas).
O tempo
O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.
Se tu visses o que eu vi
Se tu visses o que eu vi
havias de te admirar:
uma cadela com pintos,
uma galinha a ladrar.
Se tu visses o que eu vi
lá no alto do lameiro
um macaco a bater sola
a fazer de sapateiro.
Se tu visses o que eu vi
na serra de Guimarães
uma minhoca com pintos
e uma bezerra com cães.
Se tu visses o que eu vi
na feira de Vimioso
sete frades em camisa
a cavalo num raposo.
Se tu visses o que eu vi
No buraco da parede
a cobra a dançar o vira
e o lagarto a cana verde.
Trava-Línguas
Rato roeu
O rato roeu a roupa do rei de Roma e o rei roxo de raiva ralhou com a rainha
que resolveu remendar a roupa do rei que o rato roeu, mas o rato roer roía e a
rainha do rato a roer se ria!
Mafagafos
Num ninho de mafagafos há sete mafagafinhos, quando a mãe mafagafo dá
comida aos sete mafagafinhos, eles fazem semelhante mafagafada que
ninguém os mafagafaguifa.
Tudo
Tudo não é para todos
Para todos não é tudo
Tudo não se diz a todos
A todos não se diz tudo.
Mário Mora foi a Mora
Mário Mora foi a Mora
com intenções de vir embora
mas, como em Mora demora;
diz um amigo de Mora:
– Está cá o Mora?
– Então agora o Mora mora em Mora?
– Mora, mora.
O doce
Qual é o doce que é mais doce que o doce de batata doce?
Respondi que o doce que é mais doce que o doce de batata doce
É o doce que é feito com o doce do doce de batata doce.