O Lourenço tem onze meses (acabadinhos de completar) e nem um dente para a posteridade. Nem um! Eu não estou preocupada, nunca vi ninguém a quem nunca tivessem nascido dentes (dizer que nunca vi ninguém sem dentes seria muito arriscado!), e sei que mais dia menos dia hão-de brotar brancas pérolas naquelas bonitas gengivas.
Nem sempre as amigas das amigas pensam o mesmo que eu: “esfregue-lhe água do mar na gengiva”, “dê-lhe a côdea do pão”, “por-amor-da-santa-madre faça qualquer coisa a essa criança sem dentes”. E eu faço, dou beijinhooos imensos, a ver se a coisa se dá.
Em pratos limpos, o desenvolvimento das crianças ainda que seguindo uma matriz mais ou menos comum varia, e muito, de bebé para bebé, e uma mãe, enfim, é uma mulher, e uma mulher enfim “o meu filho começouuu a andar aos ainda não tinha oito meses, o teu aos doze ainda gatinha?!”, “o meu filho ao primeiro ano recitava poesia, com dois anos o teu só diz olá! Estará bem?!”.
É verdade, meus amigos, os filhos das amigas são muito mais prodigiosos. Felizmente, mas mesmo felizmente, as amigas das amigas, mergulhadas em preocupação, estão sempre disponíveis para, com conselhos gratuitos (que almas ímpares!), ajudar a que as nossas pobres criaturas se possam aproximar dos seus milagres da natureza.
Onze meses passados desde que o Lourenço nasceu, só me dá para pensar como foi que o meu bebé passou tão rápido de recém nascido a gatinhante veloz?!
Quero aproveitar cada fase, cada momento, cada dente que não tem, cada passada. Cada conquista é uma festa, e eu tenho tempo para todas as festas, muitas festas, a seu tempo. O tempo, em boa verdade, não é o meu, é o dele. O meu papel é abraçá-lo.
Posto isto, estou a ponderar comprar uma placa ao Lourenço.