Eu sou uma mãe muito babada. Muito babada, babadíssima. Gosto de admirar o meu filho, de o pegar contra o meu colo. De o sentir perto de mim, eu sei que todas as mães são assim, mas sinto-me tão insana neste amor. Tão louca de amor.
O meu filho é tão bonito, é tão meu. Parte das minhas entranhas, nasceu do meu corpo. No auge da esquisitice dou por mim a olhar para o umbiguinho dele para pensar que aquela covinha o ligava a mim, por ali eu o alimentava com o meu sangue.
Eu sei que é esquisito, eu sei, eu sei! Daqui me surge um problema imenso, é que eu julgo ter privilégios sobre o meu filho. Eu sou a primeira a cuidar dele e a que o cede aos colos desejosos de Lourenço.
Se o pai é igualmente privilegiado, quer dizer, pai é pai, não sendo mãe é o meu braço direito (perdoa-me marido!). O pai são os músculos da mãe. Neste reboliço de emoções inominadas vêem os avós baralhar o meu sistema métrico de amor. Ora que euzinha sempreeeee amei os meus avós, a minha querida querida avó, sempre foi a que teve para mim a palavra mais doce de todas. Agora os meus pais, os meus sogros são os que têm a palavra mais dócil ao meu filho. São eles, não sou eu!
O meu filho, o que cresceu no meu ventre é neto deles. O Lourenço corre para eles e eles correm (salvo seja!) para ele, não precisam do meu intermédio, porque o meu filho é, ainda que bebé, um corredor autónomo. Pior, estes novos avós não são só doces para o meu filho, são doces para mim também. São doces, são amigos, são experientes e estão sempre à nossa retaguarda.
E dou por mim que a minha visão está toda errada, talvez não a visão, mas a forma como ponho o que sinto, o meu filho não me privilegia como se de uma coisa que eu pudesse possuir se tratasse, é ele próprio uma pessoa, que eu tive (e tenho) a enorme felicidade de trazer ao mundo e encaixar no mundo (através da boa educação!), para que possa ser o meu Lourenço feliz também com pessoas que o respeitam que o adoram, cheio de avós, tios, tias e primos.