O que é a gastroenterite aguda?
Define-se gastroenterite aguda como um quadro clínico resultante da inflamação aguda das mucosas do estômago e intestino, secundária a infeção aguda por agente viral ou bacteriano.
Sintomas da gastroenterite aguda
A gastroenterite aguda manifesta-se clinicamente por diarreia aguda, podendo ser acompanhado ou não de vómitos, febre e sinais de desidratação.
É uma doença autolimitada com uma duração previsível entre 7 a 14 dias. A diarreia aguda caracteriza-se pela modificação das características das fezes, nomeadamente diminuição da consistência (dejeções moles/liquidas) e/ou aumento da frequência das dejeções (3 ou mais em 24h), sendo este indicador o mais importante no lactente pequeno.
Os vírus são os agentes infeciosos mais frequentes da gastroenterite aguda, sendo a gastroenterite aguda de etiologia bacteriana menos frequente.
A incidência de gastroenterite aguda por rotavírus tem vindo a diminuir desde a introdução da vacina.
No caso de gastroenterite aguda, o médico irá avaliar:
- O impacto da gastroenterite aguda no estado de hidratação e
- Determinar fatores de risco para evolução mais grave da doença.
A história clínica da criança com gastroenterite aguda deve assim incluir dados que permitam aferir a gravidade da doença e o estado de desidratação, nomeadamente, a idade, peso anterior, número de dias de diarreia, número de dejeções nas últimas 24 horas, consistência das fezes, presença de sangue, número de episódios de vómitos, presença de febre, micções (número de fraldas), quantidade / tolerância de líquidos ingeridos, ingestão alimentar, medicação já efetuada (soro / antipiréticos / outros).
No exame físico a avaliação do estado de desidratação inclui a estimativa da perda ponderal (principal indicador), estado geral (prostração, irritabilidade, choro), estado de hidratação das mucosas, entre outros sintomas.
A classificação da gravidade da desidratação é feita de acordo com a estimativa da perda ponderal sendo que:
- Desidratação ligeira: < 3-5%;
- Desidratação moderada: 5-9%;
- Desidratação grave: > 9%
São indicadores que quadro clínico de maior gravidade a presença de diarreia abundante com muco e frequente (mais de 8 episódios/dia), vómitos persistentes, recusa alimentar, febre elevada, desidratação moderada a grave na apresentação, doença crónica subjacente e lactente menos de 2 meses de vida.
A hospitalização prévia, a frequência de creche, condições socioeconómicas desfavorecidas e determinados agentes etiológicos (rotavírus, norovírus, astrovírus e Ecoli), estão igualmente associados a gastroenterite aguda de maior gravidade.
Internamento hospitalar
São critérios de internamento:
- Perda de grandes quantidades de sangue e líquidos (choque hipovolémico);
- Desidratação moderada a grave;
- Presença de letargia;
- Convulsões;
- Vómitos persistentes;
- Bebés com menos de 3 meses de idade;
- Incapacidade dos prestadores de cuidados;
- Suspeita de patologia cirúrgica.
Tratamento da gastroenterite aguda
A abordagem terapêutica da gastroenterite aguda tem como princípio do tratamento um conjunto de medidas de suporte que pretendem:
- A reposição de fluidos e sais minerais;
- A manutenção da alimentação entérica (alimentação por sonda gástrica ou intestinal quando a criança não se consegue alimentar por via oral);
- Prevenção de nova desidratação.
A reposição de fluidos e sais minerais deve ser feita, preferencialmente por via oral. Contudo, sempre que se verifique impossibilidade de hidratação oral e/ou desidratação grave poderá ser necessária a hidratação endovenosa.
As soluções de reidratação oral são soluções que promovem a reabsorção de sódio e água no intestino.
Não são atualmente recomendados soluções de reidratação oral destinadas a desportistas, chá (que contém uma baixa concentração de sódio e potássio), refrigerantes (que contêm uma elevada concentração de açúcar e concentrações mínimas de sódio ou de potássio).
Sempre que se trate de um lactente amamentado com gastroenterite aguda, a solução de reidratação oral deve ser oferecida simultaneamente com leite materno.
Se a criança tolerar a alimentação normal, esta deve ser oferecida. Adicionalmente deve ser prevenida nova desidratação, oferecendo uma solução de reidratação oral enquanto persistir vómitos e diarreia.
Os antibióticos não estão recomendados na grande maioria das crianças com diarreia aguda.
Os probióticos podem ser efetivos no tratamento da diarreia de origem vírica, contribuído para a redução da duração da solução de reidratação oral em 24h00.
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Bibliografia: Artigo “Gastroenterite aguda: Abordagem no Serviço de Urgência” Sara Santos Valério de Azevedo – Unidade de Gastrenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica – Departamento de Pediatria- HSM-CHLN