Sem alarmismos mas com cuidado.
Não é fácil explicar às crianças o aparecimento de um vírus, muito menos com o mediatismo que está envolvido à volta desta nova doença.
A par disso, se a escola fechou, o afastamento social é uma realidade e a televisão lá em casa está sempre ligada nos canais de notícias. Com a contagem de infetados atualizada todas as horas, medidas de quarentena e pessoas de máscara pelas ruas, para uma criança o pânico pode facilmente instalar-se.
Se o seu filho está com dificuldades em lidar com o que está a acontecer, algumas práticas enquanto cuidador podem ser adotadas de modo a promover uma diminuição do impacto desta realidade.
O primeiro passo para evitar uma escalada é, obviamente, tentar controlar o pânico e o alarmismo que a criança possa estar a experienciar.
Neste âmbito, é importante que se realce que estes dois pressupostos normalmente se exponenciam pela falta de informação fidedigna, pelo boato e pelo medo do desconhecido.
Atuar nestas áreas, potencialmente diminuirá o impacto psicológico do surto.
Estar disponível para tirar dúvidas e promover uma abertura para com a criança pode ser importante. Se as dúvidas aparecerem, o cuidado com a linguagem que se utiliza e a sua adequação à idade também.
À medida que as questões surgem, responda na medida certa, nem de mais nem de menos, deixando sempre a porta entreaberta para futuros desenvolvimentos.
Sobre os cuidados extra também recai uma parte importante. As crianças tocam, mexem e contactam fisicamente com grande intensidade, por isso a possibilidade de transmissão é uma realidade.
Explicar que na ausência de contacto físico que os amigos não deixarão de gostar deles, procurando manter o contacto por outras vias pode ser um fator importante para a tranquilização.
Em caso de quarentena e se a criança apresentar resistência, sentimentos de tristeza ou ansiedade, procure promover o contacto com os amigos via digital como se fosse uma espécie de jogo.
A epidemia que agora atravessamos requer um cuidado específico mas também consciente.
O pânico muitas vezes é um fator que traz mais dano do que benefício.
Em todo caso não deixa de ser uma resposta instintiva que todos nós temos face ao desconhecido, à incerteza e é sem dúvida importante que o compreendamos assim para procurar soluções que o possam mitigar.
A par dos cuidados extra que se têm que ter nesta fase, a manutenção das rotinas e de uma aparente normalidade podem ser de especial importância para o bem-estar psicológico da criança.
No caso de não haver escola, mantenha o acordar, as refeições e a promoção de atividades durante as horas de aulas para que se crie a sensação de que o momento é de cuidado, mas de esperança também.