Estudo português revela que a existência de árvores plantadas nos recintos escolares ajudam a melhorar a saúde respiratória das crianças por combaterem a poluição.
Crianças que estudam em escolas com maior número de árvores apresentam menos dificuldades em respirar, menos tosse seca e pieira. O que está na base desta descoberta é o óxido nítrico. Quando exalado, este gás é uma marcador usado para avaliar a inflamação das vias aéreas.
Inês Paciência, uma das autoras do estudo, afirma que “em zonas com maior poluição, à partida, há um aumento da resposta inflamatória e consequentemente uma maior produção de óxido nítrico pelo organismo”. O óxido nítrico é formado no nosso organismo através de um processo inflamatório despoletado por um ataque externo, como a poluição.
Ao passarem os dias em escolas com maior densidade de árvores de folha larga ou coníferas, as crianças expelem menores quantidades de óxido nítrico, o que significa também uma menor inflamação das vias aéreas. Este tipo de árvores ajudar a diminuir a poluição presente no ar.
A investigação foi levada a cabo pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e publicada na revista European Annals of Allergy and Clinical Immunology.
Um artigo prévio já apontava o benefício dos espaços verdes para a função respiratória. Inclusivamente em crianças asmáticas, concluiu-se que “tiveram uma diminuição da inflamação das suas vias aéreas e uma redução da sintomatologia associada à asma”.
A amostra contou com a avaliação do nível de inflamação das vias aéreas de 845 crianças das escolas do Porto, e com a análise da quantidade e tipo de árvores plantadas, a pelo menos 500 metros em redor destas mesmas escolas.
“A nível de urbanismo, é crucial pensarmos na tipologia de árvores que colocamos à volta dos edifícios e na forma como estas podem ajudar a reduzir a poluição”, alerta Inês Paciência.
15 de dezembro 2020