Vários especialistas pediátricos estão a alertar para os efeitos que o uso da máscara, pelos adultos, em creches e infantários, pode estar a atrasar o desenvolvimento dos bebés. A solução pode passar por máscaras transparentes, para manter a segurança e a comunicação necessária para as crianças.
Especialistas ouvidos pelo Jornal Público, assim como representantes da área da educação e psicologia, alertam para a necessidade que as crianças têm de aprender a ler rostos e expressões faciais e a articular palavras. Com as máscaras dos educadores e professores, ficam privados dessa aprendizagem.
A explicação é simples: os bebés, que nascem com cerca de 25% do cérebro desenvolvido, e as crianças mais pequenas passam muitas horas com os cuidadores e professores, precisam dessa aprendizagem por observação e imitação.
Alguns bebés estão a ficar aquém de marcos no seu desenvolvimento, o que leva a que alguns especialistas estejam a considerar a solução das máscaras transparentes. Desse modo, as crianças pequenas não perdem acesso à comunicação verbal, fundamental para o seu crescimento e para o desenvolvimento das suas capacidades.
O uso de máscara em Portugal só é obrigatório a partir dos 10 anos, embora o ministério da Educação tenha deixado a indicação às escolas, que devem disponibilizar máscaras comunitárias para os alunos do 1º ciclo (até ao 4º ano).
O uso da máscara por crianças pequenas continua a ser desaconselhado pelo perigo de asfixia. Mas o problema aqui analisado, reside mesmo no uso dessa proteção por parte dos cuidadores e professores. Bebés e crianças pequenas não beneficiam do uso da máscara pelos adultos que os rodeiam.
Na mesma reportagem, o Público cita ainda um estudo feito na China a propósito dos efeitos do SARS, entre 2003 e 2004, que concluiu que o uso de máscara trouxe “atrasos linguísticos, motores e nas competências sociais”.
23 de março 2021