Requisitos para passagem do ensino informal para ensino formal (alfabetização).
Numa criança sem problemas de desenvolvimento, espera-se que já tenha inserido no seu interior cortical algumas habilidades para desenvolver novas etapas para maturação, progressão e superioridade linguística (metalinguagem) e, por fim, desenvolver as suas habilidades com os conceitos adquiridos ao longo da infância e adolescência.
Assim, ela terá: velocidade sináptica, rapidez para hipóteses, realizará muitos insights e facilidade com nomeação isolada e serial de objetos, cores, formas, números, letras (funções básicas intrínsecas).
Requisitos para passagem do ensino informal para ensino formal (alfabetização)
Na posse desses facilitadores, a criança consegue manter um processo contínuo, uma linha espacial (psicomotricidade) que irá da direita para esquerda, e de cima para baixo.
Assim, a criança irá relacionando noções viso-espaciais, dentro de contexto sensitivo-motor, com o desempenho de todas as áreas (as camadas neurológicas) e com um complexo aumento de sinapses.
Do mesmo modo, essas sinapses entre os hemisférios direito e esquerdo, onde os lobos fronto parieto-occipital e temporal assumem muitas funções, entre elas, a memória da aprendizagem formal onde o exercício repetido com prazer e ritmo é adquirido e não esquecido, possibilitará continuar as suas relações simbólicas para expansão desse conhecimento.
Do conhecimento adquirido:
Indicadores de dificuldades na aquisição de leitura e escrita:
- Dificuldade na velocidade de nomear objetos, cores, números, formas, letras;
- Dificuldade na consciência fonológica, a criança não consegue criar hipóteses sobre sua oralidade e a dos outros;
- Dificuldade na extensão da memória sustentada (curto e longo prazo);
- Dificuldade na atenção sustentada;
- Desorganização praxi-motora;
- Inabilidade linguística (a criança não consegue dizer rimas, soletrar, entre outras dificuldades).
Para cada hipótese, temos um entendimento neurológico e evolutivo de cada expressão e seu respetivo significado:
Dislexia
A dislexia é a incapacidade de processar o conceito de codificar e descodificar a unidade sonora em unidades gráficas (forma de grafemas) com capacidade cognitiva preservada (ao nível da inteligência normal).
Os disléxicos têm capacidade para aprender todas as funções sociais e até altas habilidades desde que o problema seja bem diagnosticado e trabalhadas as áreas corticais favoráveis com estratégias e intervenções adequadas.
Essas intervenções devem valorizar as funções viso-motoras da criança, imagens com significado e significante associados a um determinado ritmo e memória visual auxiliando sua memória auditiva, para que desenvolva a capacidade por outras rotas (sabendo-se que sua rota fonológica é prejudicada).
Disortografia
Definimos como disortografia, os erros na transformação do som no símbolo gráfico que lhe corresponde.
Nem sempre a disortografia faz parte da dislexia e pode surgir nos transtornos ligados à má alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto prazo (Deficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem interferir na escrita.
Disgrafia
Não se pode confundir ou comparar a disgrafia com disortografia, pois a disgrafia tem características próprias.
A criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades no ato motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do movimento, sugerindo um transtorno práxico motor (psicomotricidade fina e visual alteradas).
Discalculia
A discalculia do desenvolvimento é uma dificuldade em aprender matemática, com falhas para adquirir a adequada proficiência neste domínio cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação:
- A discalculia não é causada por nenhuma deficiência mental, deficits auditivos e nem pela má escolarização;
- A criança que apresenta esse tipo de dificuldade não consegue, de facto, compreender o que é pedido nos problemas propostos pelo educador;
- A criança não consegue descobrir a operação proposta pelo problema: somar, subtrair, multiplicar ou dividir;
- A criança não consegue compreender as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho.