O que os pais devem saber sobre o autismo. Neste artigo a Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Diana Ferreira Vicente responde às questões que lhe são colocadas com maior frequência pelos pais.
O que os pais devem saber sobre o autismo
O que é o autismo?
O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento, normalmente diagnosticada até aos primeiros 3 anos de vida, que afeta a capacidade de comunicação, de socialização e o comportamento da criança, ou seja, perturba a sua capacidade de responder apropriadamente ao ambiente que o rodeia.
Quais as causas do autismo?
Embora a causa do autismo seja ainda desconhecida, acredita-se que a sua etiologia se poderá dever a vários fatores.
Exemplos desses fatores incluem condições genéticas, ambientais, metabólicas e neurológicas que afetam o funcionamento normal do cérebro
Quais são os primeiros sinais de autismo?
Alguns dos primeiros sinais e sintomas que sugerem que uma criança pode precisar de uma avaliação mais aprofundada para o autismo incluem:
- Falta ou atraso no desenvolvimento da linguagem falada;
- Uso repetitivo de palavras;
- Maneirismos motores (por exemplo, bater com a mão em algo, girar objetos).
- Pouco ou nenhum contacto visual;
- Falta de interesse na relação com os outros;
- Falta de espontaneidade;
- Fixação persistente em partes de objetos (por exemplo, as rodas de um carro de brincar).
Como é feito o diagnóstico de autismo?
Para que seja realizado o diagnóstico de autismo têm de estar presentes distúrbios em cada um dos seguintes domínios:
- Relacionamento social – acentuado prejuízo na comunicação não-verbal, no relacionamento com os pares e na reciprocidade sócio-emocional;
- Comunicação / jogo – ausência total ou atraso de linguagem falada e falta de jogo apropriado de faz-de-conta;
- Interesses e actividades restritas – adesão a rotinas não-funcionais ou rituais, estereotipias e maneirismos motores.
Quais são alguns dos sintomas de autismo que os pais e cuidadores podem procurar?
As crianças diagnosticadas com autismo tendem a processar e responder à informação no ambiente de uma forma única.
Em alguns casos, apresentam comportamentos agressivos e/ou auto-agressivos que são difíceis de gerir, e que provocam receio nos outros.
- Insistir em rotinas (O)
- Ter dificuldade em expressar necessidades verbalmente, usando gestos ou apontando em vez de usar palavras (C)
- Repetir palavras ou frases (C)
- Rir (e/ou chorar), sem motivo aparente; mostrar angústia por razões não aparentes para os outros (S)
- Preferir ficar sozinho; comportar-se de forma distante com estranhos e familiares (S)
- Fazer birras e ter baixa tolerância à frustração (S)
- Ter dificuldade em iniciar o contacto social com os outros (S)
- Sentir-se desconfortável com o contacto físico, mesmo quando carinhoso, como um abraço (S)
- Fazer pouco ou nenhum contacto ocular, mesmo quando lhe dirigem a palavra diretamente (S)
- Não responder a métodos de ensino comuns (S)
- Brincar com brinquedos como se fossem objetos (exemplo, bate com um carro de brincar como se fosse um bloco de maneira e não como um veículo que se movimenta) (S)
- Concentrar-se em objetos que giram como um ventilador ou a hélice de um helicóptero de brinquedo (O)
- Apegar-se obsessivamente a objetos particulares (O)
- Aparentar excesso de sensibilidade ou falta de sensibilidade à dor (S)
- Não ter medos reais de perigo apesar de riscos óbvios (S)
- Excessiva atividade física ou extrema inatividade (S)
- Motricidade global e fina prejudicadas (S)
- Não responder a instruções verbais; muitas vezes parece que a criança é surda, embora os resultados dos testes auditivos sejam normais (C)
Legenda: Comunicação (C), Comportamento obsessivo-compulsivo (O), Social (S)
Existe tratamento para o autismo?
Apesar de não existir uma “cura” para o autismo, um tratamento adequado, no início da vida da criança, poderá ter um impacto positivo sobre o seu desenvolvimento e produzir uma redução global de comportamentos e sintomas problemáticos.
Cada criança com autismo tem uma constelação única de problemas de desenvolvimento, problemas na fala, dificuldades sociais e cognitivas. Assim, os planos de tratamento necessitam de ser desenvolvidos para atingir o perfil único de cada criança, tendo em conta os seus pontos fortes e os seus problemas funcionais.
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Fontes: Autism Society e American Association of Child and Adolescent Psychiatry