As convulsões febris são uma situação bastante frequente em pediatria. Surgem habitualmente entre os 6 meses e os 6 anos de idade e são causadas pela relativa imaturidade cerebral para lidar com a febre. Na grande maioria dos casos, não acarretam nenhum problema para as crianças, nomeadamente lesões cerebrais ou atraso mental.
Convulsões febris
As convulsões febris podem surgir em crianças saudáveis, com idade entre os 6 meses e os 6 anos, no início de uma doença febril aquando da subida rápida da temperatura. As convulsões febris estão relacionadas com a idade e tendem a desaparecer quando a criança cresce, sendo raras após os 5 anos.
Após uma primeira crise, todas as pessoas que lidam com a criança devem ser devidamente informadas sobre como agir perante uma nova convulsão.
As convulsões febris são frequentes?
Cerca de uma em cada 20 crianças (4%) têm convulsões acompanhadas de febre. A causa é desconhecida mas fatores genéticos têm um papel importante. Se o pai ou a mãe tiveram convulsões febris o risco é 4 vezes superior ao da população em geral.
Como se manifestam as crises?
Na maioria dos casos, os ataques são generalizados e podem manifestar-se de diversas formas:
- Perda de sentidos;
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Corpo rígido, braços e pernas a tremer;
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Olhar fixo e parado;
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Lábios roxos;
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Movimentos de mastigação e salivação;
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Emissão de espuma pela boca;
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Perda de urina.
Geralmente, as crises duram menos de 15 minutos. Depois do ataque, os movimentos param, o corpo fica mole e a criança dorme durante 15-30 minutos e acorda bem.
O que fazer perante uma convulção?
- Não entre em pânico nem coloque os dedos ou objetos na boca da criança (aumenta o risco de asfixia).
- Deite a criança de lado, num local seguro onde ela não se possa magoar.
- Baixe a temperatura com paracetamol rectal ou pachos de água tépida colocados no corpo despido.
- Administrar a medicação (no caso de não ser a primeira crise) segundo indicação médica.
- Manter a criança num ambiente tranquilo.
Os clisteres de Diazepam (StezolidR) são um dos medicamentos que pode ser prescrito após observação médica e que se utiliza para parar a convulsão. A administração é rectal e a dose depende do peso da criança:
- Peso inferior a 5 kg: 2,5 mg
- Peso entre 5 a 10 kg: 5 mg
- Peso superior a 20 kg: 10 mg
Quando ir ao hospital?
Numa primeira convulsão febril, a criança deve ser observada no serviço de urgência para avaliação cuidadosa. Habitualmente, a criança fica em observação durante algumas horas e faz alguns exames para excluir infeções do sistema nervoso central.
Se não for a primeira convulsão, e se a criança estiver bem, deve consultar o pediatra para diagnostico e tratamento da causa da febre. No entanto, perante certos sinais de alarme a criança deve ser levada de imediato a um serviço de urgência mesmo quando não se trata de uma primeira convulsão febril:
- Se a convulsão for prologada (mais de 10-15 minutos);
- Se os movimentos forem só de um lado ou se após a crise a criança só mexer um lado;
- Se a criança não acordar completamente 30 minutos após a crise;
- Se ficar muito prostrada, com gemido ou sonolência;
- Se a febre não baixar apesar das medidas tomadas;
- Se tiver mais que uma crise no mesmo dia.
É necessário fazer exames?
É importante excluir infeções do sistema nervoso central (meningites / encefalites) após a primeira convulsão febril e sempre que houver essa suspeita clínica.
Deve fazer EEG ou exames de imagem?
O eletroencefalograma (EEG) não é necessário para o diagnóstico, e não prevê a recorrência de convulsões febris, motivo pelo qual o seu uso não está recomendado. A TAC crânio encefálica também não é necessária.
A criança pode voltar a ter convulsões quando tiver febre?
Sim, cerca de 1/3 das crianças voltam a ter uma ou mais crises com febre, mas é impossível de prever quando ou em que crianças. No entanto o risco é maior nos primeiros 6 a 12 meses após a primeira crise, se a convulsão surgiu com febre baixa ou se há história familiar de convulsões.
Como evitar as crises?
Apesar do risco de recorrência, o uso de medicamentos anti epilépticos não está recomendado em crianças com convulsões febris. É importante estar muito atento aos primeiros sinais de doença e controlar sempre a temperatura, nunca esquecendo o período da noite.
O meu filho pode ficar com epilepsia?
Cerca de 2,5% das crianças que começam com convulsões febris, mais tarde têm epilepsia, ou seja começam a ter convulsões sem febre. Esta situação é mais frequente em crianças com atraso do desenvolvimento, história familiar de epilepsia, crises prolongadas ou que afetam só um lado do corpo.
Esta informação é meramente indicativa não pretendendo, em qualquer momento, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Em caso de dúvida quanto ao conteúdo de algum medicamento, procure orientação do seu médico ou farmacêutico.