Causas de vómitos
Erros alimentares (geralmente em crianças pequenas).
Gastroenterite aguda (manifestações clínicas: vómitos, diarreia líquida, febre e dor abdominal, que podem persistir durante vários dias e que pode culminar em desidratação grave com necessidade de hospitalização).
Intoxicação acidental com chumbo ou aspirina excessiva podem causar vómitos com sangue.
Traumatismo craniano ou abdominal pode provocar vómitos (se persistirem sugerem complicações).
A ingestão de um corpo estranho pode significar que há algum bloqueio (oclusão).
Devemos pensar nesta possibilidade em crianças pequenas uma vez que é mais frequente em crianças com menos de quatro anos de idade.
A regurgitação (bolçar) é o resultado do relaxamento exagerado do cárdia (esfíncter entre o esófago e o estômago), permitindo que os alimentos regurgitem do estômago para o esófago e a boca. Ocorre frequentemente entre 30 a 45 minutos após a refeição. Pode ser normal em crianças pequenas (aos 6 meses cerca de 50% dos bebés ainda bolçam) contudo, pode constituir um problema se há um aumento da quantidade e/ou da frequência.
O que procurar no caso de vómitos?
Os vómitos acompanham-se frequentemente por náusea, febre e diarreia, devido a irritação ou a infeção dos intestinos, que geralmente melhoram com dieta adequada.
Procure vómitos com sangue, tipo “borra de café” ou esverdeados e sinais de infeção (otite, infeção urinária ou meningite). Pode surgir desidratação.
O que pode fazer para aliviar os sintomas e o mal-estar provocado pelo vómito
1. Evite alimentos sólidos durante quatro a seis horas. Dê apenas líquidos. Comece com pequenas quantidades de líquidos (5 ml de 5 em 5 minutos). Estes líquidos devem ser dados à temperatura ambiente e podem incluir os chamados líquidos de reidratação oral. Como alternativa, pode oferecer “água chalada açucarada” ou “água açucarada”.
Evite dar leite! (exceto, se criança pequena alimentada ao peito e/ou leite materno). Lentamente aumente a quantidade de líquidos durante quatro a seis horas.
Depois deste período sem vomitar, lentamente amplie a dieta para incluir tostas, bolachas secas, sopa sem gordura, pêra ou maças cozidas. As refeições devem ser muito fracionadas e sem insistência.
2. Crianças com regurgitação normalmente respondem a alterações dietéticas e posturais. Mantenha a criança em posição sentada durante as refeições e com a cabeceira elevada (inclinação de 20 a 30º). Nos 30 a 45 minutos seguintes, faça refeições pequenas e frequentes. Poderá ser necessário usar fórmulas infantis anti refluxo e/ou medicamentos.
Peça ajuda pediátrica imediatamente se:
- Vómitos com sangue.
- Dor abdominal severa ou prolongada (superior a 2 horas).
- Traumatismo craniano ou abdominal (ocorridos há menos de 3 dias).
- Suspeita de intoxicação/envenenamento por planta, veneno, medicamento ou alimento.
- Suspeita de ingestão de corpo estranho.
- Alterações do comportamento, como irritabilidade ou sonolência.
- Sinais de desidratação, como pele seca (chega a formar pregas quando beliscada), olhos encovados, fontanela anterior (“moleirinha”) afundada, ausência de micção durante mais de 8 horas em lactentes (crianças até 1 ano de idade) ou 12 horas em crianças com 12 ou mais meses, ausência de lágrimas com o choro, respiração acelerada, irritabilidade ou sonolência exageradas, perda acentuada do peso (superior a 5 a 6% do peso total).
Peça ajuda pediátrica dentro de algumas horas se:
- Vómitos durante mais de 24 horas.
- Vómitos sem diarreia.
- Micção dolorosa, frequente ou com sangue.
- Otalgia (dor de ouvido).
Marque consulta se:
- Problema recorrente.
Publicado no Mãe-Me-Quer com autorização do autor, Dr. Armando Fernandes. Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento.