Falar na evolução do Homem implica inevitavelmente abordar o tema da sexualidade. Além de inerente à existência humana, a sexualidade e o seu desenvolvimento acompanha-nos durante toda a nossa vida. Na verdade, a partir do momento em que se sabe que um novo bebé vai nascer, surge sempre a célebre pergunta: Será menino ou menina?
Educar para uma sexualidade infantil equilibrada é tão importante como ensinar a andar ou a falar. Para que a sexualidade seja experienciada de forma saudável e harmoniosa na idade adulta, é primordial conversar sobre este tema desde cedo com as nossas crianças. Mas atenção, tal como outras aprendizagens, deve ser abordada e ensinada de acordo com a sua idade e maturidade.
No decorrer do crescimento, todos somos alvo de uma educação sexualizada e tal irá contribuir para a construção da nossa identidade.
Os pais, os avós, os irmãos, os professores, os amigos e a sociedade surgem como modelos de referência e têm uma responsabilidade acrescida no desenvolvimento da sexualidade infantil.
Condicionados por receios, dúvidas ou mesmo desconhecimento, os pais evitam por vezes abordar este assunto com os filhos. Em primeiro lugar é importante compreender que uma criança saudável deve explorar e conhecer o seu próprio corpo.
Falar abertamente, informar e clarificar dúvidas é fundamental para o desenvolvimento salutar da autoestima e do autoconceito. A linguagem, o tom de voz, a qualidade da informação, aliados à segurança e sentimento de confidencialidade constituem-se como ponto-chave para promover a cumplicidade com o seu filho. Ao longo do crescimento, naturalmente o mesmo manifestará curiosidades e fará muitas perguntas relacionadas com o desenvolvimento sexual. Cabe aos educadores, responder às questões, de forma tranquila, informada e ausente de julgamento moral, sempre adaptando à idade e personalidade da criança.
A partir dos dois anos começam a surgir cada vez mais perguntas e surge a consciência de que os meninos e as meninas são diferentes. Desde cedo, é fundamental promover o respeito pelo próprio corpo e pelo corpo do outro.
Quando achar conveniente, de forma lúdica e esclarecedora torna-se crucial explicar ao seu filho as diferenças entre o bom e o mau toque, entre o que é intimo e privado e o que pode ser partilhado.
Entre os três e os seis anos, surge a fase crítica dos porquês relacionados com a exploração do corpo. “Porquê que a menina tem um pipi e o menino uma pilinha?” “Como nascem os bebés?” “Porquê que os namorados dão beijos na boca?” São algumas das perguntas que começam a surgir e que muitas vezes deixam os pais com os ?cabelos em pé?.
Nesta fase a criança passa a sentir prazer em partilhar atividades com outras crianças do mesmo género sexual. As brincadeiras cujo tema são os médicos ou as famílias, entre os três e os cinco anos são uma constante e misturam meninos e meninas.
Nesta altura, a criança tende a explorar com mais frequência o seu corpo, identificando-o como fonte de prazer através da estimulação dos genitais. Torna-se importante que os pais estejam atentos e que compreendam que tal experiência faz parte do natural crescimento e desenvolvimento dos filhos. Porém tal como o ?xixi? e “cocó” são realizados na casa de banho, também esta estimulação deve ser feita em privado. Não deve existir censura, nem castigos, nem zangas, mas sim compreensão e esclarecimento adequado.
Entre os 6 e os 10 anos, observa-se um afastamento em relação ao sexo oposto. Os rapazes, passam a considerar as raparigas ?chatas? e as raparigas, definem os rapazes como ?agressivos?. Pelo meio, surgem os primeiros namoricos, mas efetivamente as maioria das brincadeiras surgem com amigos do mesmo sexo.
Nesta fase as energias são canalizadas para aprendizagens escolares, desportivas ou outras experiências e aventuras próprias da idade e deste modo, a exploração do próprio corpo fica adormecida.
A partir da pré-adolescência, sucede a fase crítica no desenvolvimento psicossexual. Como que um cozinhado explosivo: a maior ativação das hormonas sexuais, aliado às mudanças físicas e emocionais, vai resultar num turbilhão de novas emoções e constantes mudanças de humor.
Começam a surgir os primeiros namoros e as zangas entre pares. Tudo é experienciado com uma sensibilidade única e facilmente se passa do choro ao riso. Os fins-de-semana com os pais são preteridos em favor de festas de aniversário e aventuras com os amigos.
Em todas as fases, é importante que os pais assumam uma postura de compreensão e disponibilidade para esclarecimento de dúvidas. A censura, repreensão e crítica, devem ser comportamentos a evitar. Educar para a vida só faz sentido quando se educa para uma sexualidade harmoniosa e equilibrada. Abrir portas para o diálogo, promove confiança e respeito e assume um papel determinante na confidencialidade entre pais e filhos.
Falar de intimidade, nem sempre é fácil e cada adulto carrega uma história que pode por vezes dificultar a comunicação entre gerações. Assim é importante que os pais aceitem que não têm resposta para tudo e que caso necessário deverão contatar um especialista para os apoiar na maravilhosa tarefa de ajudar o filho a Crescer Feliz.