Crianças com 5 e 6 anos de idade que, no início da pandemia, estavam quase a entrar na escola primária perderam aprendizagens. Estas crianças encontravam-se no pré-escolar, tendo sido prejudicadas pelos períodos de confinamento, especialmente as de contextos mais desfavorecidos.
As crianças no último ano do pré-escolar foram “apanhadas” pelo confinamento mais apertado e ficaram prejudicadas. Aumentaram as diferenças de aprendizagem de alunos vindos de contextos sócio-económicos distintos. Estas informações foram avançadas por um estudo coordenado pela Universidade de Aveiro, publicado na revista científica Education Studies.
Os investigadores avaliaram competências na escrita, matemática e desempenho motor de 11.158 alunos de escolas portuguesas, que se encontram na transição do pré-escolar para o 1.º ano do ensino básico, com idades a rondar os 6 anos.
As competências relacionadas com a escrita e a matemática foram as mais prejudicadas com o confinamento, especialmente com o primeiro. Alunos de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos foram mais prejudicados por não estarem nas escolas. Diferenças que já se verificavam em período pré-pandemia e que foram tremendamente acentuadas.
Investigações anteriores já tinham reportado estas diferenças em relação aos contextos mais desfavorecidos. Estas crianças dedicam menos horas ao estudo e trabalho de casa, têm menos acesso a recursos e as famílias têm mais dificuldade em acompanhar as aprendizagens.
Só nas tarefas motoras é que a perda de aprendizagens parece ter sido equilibrada em termos de contextos sociais e económicos. Os autores do trabalho apelam aos professores e ao Ministério da Educação para que seja dada especial atenção a alunos provenientes de contextos mais desfavorecidos, para que se possam encurtar as desvantagens identificadas.
3 de novembro 2022