Aos 2 anos de idade, a criança deixa de ser um bebé grande e torna-se numa criança. Por outro lado, muita coisa acontece na sua vida: pode ganhar um irmão ou entrar na creche, é cada vez mais independente, o seu sentido de identidade está a desenvolver-se, entra na fase dos “porquês“, a grande capacidade de imaginar criam novos medos, …
Tudo isto pode gerar uma crise que pode perdurar até aos 4 anos de idade.
Adolescência do bebé: como lidar com a crise dos dois anos
Com 2 anos, a crianças considera-se a rainha do seu mundo. Partilhar os brinquedos com outras crianças, aceitar um “não” como resposta ou saber esperar pela sua vez são conceitos ainda estranhos.
Começam as contrariedades: num mundo que crê dominar, começa a perceber que nem sempre consegue obter o que tanto deseja. Rapidamente surgem as teimosias e as birras…
A disciplina, as regras e as rotinas ajudam a controlar os acessos de frustação da criança, mas manter o humor e a calma também são bons aliados, especialmente se considerarmos que esta é uma fase normal do desenvolvimento da criança.
Entre os 2 e os 3 anos, a criança vai compreendendo que a cooperação tem as suas vantagens o que ajuda a limitar a frequência e intensidade das birras. Apesar de cada vez mais independente, ainda lhe custa separar dos pais (ansiedade da separação) e vê neles uma fonte inesgostável de recursos (apesar de esta visão também depender, em grande parte, da forma como a criança é educada).
Algumas dicas para lidar com a crise dos 2 anos
1. Compreender que esta fase é passageira e faz parte do desenvolvimento
A teimosia e as birras, que tanto desconcertam os pais, devem ser entendidas como parte integrante do processo de amadurecimento da criança à medida que desenvolve a consciência de si própria em relação aos outros. Compreender que a fase do “não” é passageira e que faz parte do processo de crescimento da criança, ajuda a gerir as situações mais difíceis com calma e segurança.
2. Ajudar a criança a lidar com esta fase
Seja um aliado do seu filho: valorize os seus sentimentos e necessidade de autonomia:
- Deixe-o tomar decisões sobre pequenas coisas;
- Respeite as rotinas, estas transmitem segurança e consistência às atividades diárias;
- Converse e explique a razão das regras e sobre a necessidade de as cumprir. Quando há regras, todos saem a ganhar;
- Incentive o auto-controlo, felicitando-o sempre que se conseguir controlar;
- Reforce os comportamento positivos exprimindo a sua satisfação por palavras;
- Diga e demostre-lhe, todos os dias, o quanto é amado e desejado.
3. Pense antes de agir
Não deixe que “lhe salte a tampa” quando o seu filho faz uma birra, se recusa a dar-lhe a mão ou desata aos pontapés. Procure descobrir o que está na origem da birra. Aos 2 anos, a criança já consegue compreender porque é que determinado comportamento é ou não aceitável. A forma como fala e comunica com o seu filho é fundamental.
Os pais devem compreender que a criança ainda é emocionalmente imatura e que não consegue lidar sabe lidar com sentimentos como a frustração. Por outro lado, a eventual chegada de um irmão, pode ser assustador. A criança pensa que vai perder a atenção dos pais e isso gera sentimentos de insegurança e tristeza.
Cabe aos pais estar atentos, dar-lhe segurança e ajudá-la a adquirir ferramentas que a ajudem a gerir aquele tipo de sentimentos e a auto-regular-se.
As crianças fazem tudo para agradar aos pais, mesmo nas fases mais complicadas do seu desenvolvimento. Encare esta etapa como o início da afirmação da personalidade do seu filho. Com 2 anos, a criança começa a perceber que é um ser único e autónomo. Aproveite para o incentivar a descobrir coisas novas, a envolver-se em novas atividades, a brincar, a sorrir… a ser criança.
Bibliografia: O desenvolvimento da criança – como pensa, aprende e cresce nos primeiros anos, Desmond Morris, Arteplural edições, 1ª edição, novembro de 2011; Child Welfare Information Gateway, Administration for Children and Families, U.S. Department of Health and Human Services