A doença tromboembólica é a primeira causa de morte materna em muitos países, incluindo os EUA.
Esta doença é responsável por uma morte em cada 100 mil partos e representa 10 por cento das causas de mortalidade materna nos países desenvolvidos.
Tromboembolismo na gravidez
O tromboembolismo pode ter graves consequências na saúde materna (tromboembolismo materno) e estar na origem de complicações como:
- Aborto espontâneos consecutivos;
- Morte fetal;
- Parto pré-termo (antes das 34 semanas da gravidez);
- Insuficiência da placenta;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Restrição grave do crescimento fetal;
- Pré-eclâmpsia precoce.
O que é um tromboembolismo?
O tromboembolismo corresponde à formação de um coágulo dentro do sistema vascular arterial ou venoso e esse coágulo vai provocar a incorreta circulação do sangue e irrigação dos órgãos em que se forma.
A gravidez aumenta o potencial tombogénico de todas as trombofilias (conjunto de várias anomalias específicas, hereditárias ou adquiridas, que condicionam o estado de hipercoagulabilidade e um aumento de doença tromboembólica).
Fatores de risco para tromboembolismo na gravidez
- Aumento da dilatação das veias (distensibilidade venosa);
- Diminuição do tónus venoso;
- Diminuição em cerca de metade do fluxo do sangue das pernas durante o 3º trimestre devido ao aumento de peso uterino;
- Diminuição do retorno venoso das pernas para o coração devido à pressão uterina;
- Aumento do peso da grávida;
- Lesão vascular durante o parto (parto vaginal ou cesariana).
Risco de tromboembolismo e a idade da mulher
Como o risco de tromboembolismo aumenta com a idade, independentemente da existência ou não de outros fatores de risco, uma gravidez mais tardia traz risco acrescido para a mulher grávida.
Outras condições que se associam à idade materna podem potenciar o risco de tromboembolismo como a obesidade, hipertensão, diabetes, tabaco. Todos estes fatores em conjunto aumentam o risco de tromboembolismo.
A presença destas condições pode levar o médico a tomar medidas preventivas como aumento da hidratação, mais períodos de repouso ou medicamentos anticoagulantes de uso seguro na gravidez.
Acompanhamento médico
Dadas as potenciais complicações da doença, se a grávida apresenta potencial de risco para tromboembolismo, será acompanhada a cada 2 a 4 semanas até meio da gravidez e mais frequentemente depois dessa data, dependendo do seu estado clínico.
Estas consultas servem para:
- Monitorizar a tensão arterial e outros sinais de pré-eclâmpsia;
- Avaliar o crescimento e bem-estar fetal através da realização de ecografias;
- Cardiotocograma (registro gráfico da frequência cardíaca fetal) semanal a partir das 32 semanas ou mais cedo se houver suspeita de insuficiência placentária.
Tratamento
O tratamento do tromboembolismo na gravidez ou no puerpério (período que compreende o período que decorre do nascimento até ao 28º dia após o parto) varia segundo o conjunto de anomalias específicas e o nível de risco para tromboembolismo.
O que pode fazer para aumentar o conforto das pernas
- Beber muita água;
- Usar meias elásticas;
- Evitar sapatos apertados;
- Elevar os pés quando estiver sentada;
- Deitar de lado durante períodos curtos ao longo do dia;
- Mergulhar os pés em água fria com duas gotas de óleo de hortelã-pimenta.
Viajar de avião
Nas viagens de avião, bem como em todas as viagens prolongadas noutros meios de transporte, existe risco acrescido de trombose venosa profunda e, eventualmente, de tromboembolismo. Este risco mantém-se durante o primeiro mês após o parto.
História de doença tromboembólica é um fator de risco médico para a saúde da mulher e uma potencial contra indicação para viajar de avião durante a gravidez. Para além deste problema de saúde deve ter-se em atenção que:
- A partir das 34 semanas as companhias aéreas não aconselham as viagens para evitar nascimentos a bordo, apesar de o o voo, por si só, não desencadear o trabalho de parto;
- A partir das 28 semanas é aconselhável a grávida ser portadora de uma declaração médica confirmando a ausência de complicações da gravidez e indicando a data provável para o parto.
Bibliografia: Medicina Materno-Fetal de Luís Mendes da Graça e Colaboradores – 4ª Edição atualizada e aumentada, junho 2010. Lidel – Edições Técnicas, Lda.