Quando o casal engravida, o maior desejo é que o seu filho se desenvolva como esperado e sem problemas de saúde. As curvas de referência, ou tabelas de percentis, são usadas na gravidez pelos médicos obstetras para determinar vários eventos relativos à gestação e avaliar o desenvolvimento fetal.
Quando o bebé se afasta da média, isso pode gerar uma grande ansiedade nos pais, mesmo que esteja tudo bem com o seu bebé. Para contornar este problema, um grupo de investigadores portugueses ligados à Universidade do Porto, criou tabelas de percentis adaptadas à realidade portuguesa com curvas de referência de crescimento fetal e peso à nascença.
Tabelas de percentis
Tabelas de percentis: por que são usadas na gravidez?
As curvas de referências – conhecidas por tabelas de percentis – de crescimento fetal e peso à nascença são essenciais durante o acompanhamento da gravidez porque permitem definir e avaliar uma série de eventos da gravidez, nomeadamente:
- Estimar a idade da gravidez (saiba como é calculada a idade gestacional);
- Calcular a data prevista para o parto;
- Diagnosticar, ao longo da gestação, problemas de desenvolvimento do bebé, tais como restrição de crescimento fetal ou macrossomia fetal (excesso de peso) que podem ser sintomas ou indicadores de doenças da gravidez (como diabetes, pré-eclampsia) ou do feto (doenças metabólicas, doenças genéticas, entre outras).
Quando os filhos se afastam da média, especialmente para níveis abaixo da média, muitos pais ficam angustiados. No entanto, isso não significa que exista algum problema com o bebé.
Porquê a necessidade de ajustar as tabelas de percentis à realidade dos vários países?
Embora amplamente utilizadas, as tabelas internacionais apresentam algumas deficiências devido à falta de validação e ajuste de variáveis importantes (como a etnia, a região e a altura da mulher) o que, segundo os investigadores, promove o “sobre ou subdiagnóstico de algumas doenças”.
Para além disso, as curvas de referência de crescimento fetal e peso à nascença não são iguais para uma mulher de 1,55m e 55 kg que vai ter um primeiro filho ou para uma mulher com 1,80m e 80 kg e que esteja na sua terceira gestação.
O crescimento fetal é definido por vários fatores que variam de população para população. Entre esses fatores encontram-se o género (os rapazes são maiores), herança genética e etnia, tamanho (e peso) da mãe, doenças da mãe, número de filhos anteriores, alimentação, álcool e tabaco durante a gravidez (tabaco diminui o peso ao nascer em cerca de 5%) ou a altitude (do local onde vive).
Assim, os investigadores afirmam que ter curvas de percentis adaptadas à população de cada pais é indispensável para se obter diagnósticos mais ajustados na gravidez.
Tabelas de percentis adaptadas à realidade portuguesa
Para obter diagnósticos mais precisos e reduzir a angústia dos pais, a equipa de investigação do CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde) procurou desenvolver e validar curvas de referência de crescimento fetal e peso ao nascer para a população portuguesa.
Para isso, foram recolhidos dados de mais de 660 mil nascimentos ocorridos em 22 instituições nacionais, tendo sido selecionados os dados de 62 mil recém-nascidos que reuniram os critérios definidos pelos investigadores.
Os resultados revelaram que os dados ajustados para Portugal diferem em mais de 150 g dos dados de referência de alguns países europeus (Irlanda e Inglaterra), sendo semelhante a outros (Espanha e França), o que denota a importância de usar curvas adaptadas para cada região.
Novas tabelas de peso fetal para a população Portuguesa
As novas curvas de referência – uma para meninos, outra para meninas e uma terceira para ambos os dois géneros – têm em conta as características das mulheres portuguesas e podem ser descarregadas através de uma aplicação gratuita (disponível para Android) para uso pelos profissionais de saúde.
O cálculo é realizado mediante a indicação da idade gestacional (semana e dias), sexo do bebé (ou ambos os géneros) e peso (g).
O estudo foi publicado no European Journal of Obstetrics & Gynecology.
Descarregar tabelas de peso fetal para a população Portuguesa em pdf
Bibliografia:
- Universidade do Porto – https://noticias.up.pt [notícia de 20 de setembro, 2017]
- PDF Curvas de peso fetal para a população Portuguesa: Sousa-Santos, R. F., Miguelote, R. F., Cruz-Correia, R. J., Santos, C. C., & Bernardes, J. F. M. A. L. Development of a birthweight standard and comparison with currently used standards. What is a 10th centile? European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology. doi:10.1016/j.ejogrb.2016.09.028