Como preparar a criança para um divórcio? Esta é uma pergunta comum quando o divórcio é a única opção de uma família desestruturada e à qual o afeto que os ligou inicialmente desapareceu.
Como preparar a criança para um divórcio?
O divórcio é sempre um momento de grande instabilidade no seio da família. Muitas vezes pode ser um processo traumático para a criança, que vê o seu sistema abalado e transformado num “pesadelo” com discussões constantes, mudanças bruscas, alterações de rotina, entre outros.
Como em todas as mudanças, a transição deve ser efetuada o mais suavemente possível, para que a criança se habitue à nova realidade gradualmente, seja do ponto de vista dos hábitos e rotinas, seja do ponto de vista emocional.
É importante que se perceba nesta abordagem, que não existem “receitas milagrosas”, uma vez que cada filho reage de maneira diferente, já que cada um de nós tem a sua personalidade, única.
Assim, é relevante que essa mesma abordagem seja ponderada tendo em conta não só o conteúdo da conversa, mas também na sua adequação mediante a criança que temos à nossa frente.
Isto não quer dizer que devamos ser pouco assertivos ou esconder informação – muito pelo contrário: a informação deve ser a mais clara e eficaz possível para que ela perceba exatamente o que se irá passar no futuro e quais as mudanças que terá que abraçar.
A forma como conversamos é muito importante para a preparar a criança para um divórcio. Ficam algumas sugestões.
1. Não esconder o divórcio
Comunicar antecipadamente à criança para que esta não seja apanhada de surpresa pode ser muito importante, permitindo que se vá preparando para a separação. Muito provavelmente a criança já se apercebeu que algo não vai bem na família. Por isso, falar com a criança sobre o assunto permite uma maior clareza nos seus anseios.
2. Conversar com a criança sem rodeios
Explicar o que se passa sem rodeios pode ser difícil numa fase inicial, mas proporciona à criança a visão de uma direção que será tomada. Muitas das vezes previne sentimentos de ansiedade e medos que se desenvolvem exatamente pelo facto de ela não perceber claramente o que se passa
3. Manter as rotinas
Como indicado, qualquer alteração no sistema familiar provoca instabilidade à criança. O divórcio provoca mudanças familiares e sistémicas relevantes para que essa instabilidade apareça. Fazer um esforço (dentro do possível) para que ela mantenha as rotinas pode ser de muita importância neste processo.
4. Manter a educação anterior
Um erro muito comum que deve ser evitado. Muitos pais, pelo facto de a separação ter sujeitado à criança um grau elevado de sofrimento, tendem a compensá-la sendo benevolentes e passando para uma educação mais permissiva. No entanto, a educação, tal como as rotinas e o afeto devem ser mantidas nesta nova fase.
Em jeito de conclusão
O divórcio ou a separação é um momento difícil para a maior parte das crianças.
No entanto cabe aos pais aliviar um pouco desse sofrimento através da sua conduta, que nestes momentos de crise tende a ser explosiva e muito emocional, muitas vezes utilizando a criança como “bola de ping-pong” entre as disputas do casal.
Seja assertivo e empático com a criança. Tente identificar com clareza aquilo que ela está a sentir naquele momento.
Se conseguir colocar-se no lugar dela, pode perceber o que deve ou não fazer para que ela se sinta o melhor possível e encare este momento de transição com esperança.