A amamentação pode prevenir até um quinto o risco de cancro da mama, revela um estudo internacional, que teve como amostra mais de 750 mil mulheres de quatro continentes, sendo que 36 mil delas desenvolveram a doença.
Estudos anteriores sugeriam que a amamentação tem um efeito protetor contra o cancro, mas que o impacto não era significativo.
No entanto, esta investigação maior, a ser explanada no Simpósio sobre Cancro da Mama em San Antonio, no estado norte-americano do Texas, vem impelir que o consumo de leite materno nos primeiros meses de vida é uma “poderosa estratégia” contra a doença, em especial nos tipos mais agressivos da doença.
Após uma análise detalhada e combinada de 27 estudos, concluiu-se que, na maioria dos casos, a amamentação reduz em cerca de 10% o risco de cancro da mama invasivo, e até 20% nos tipos mais mortais da doença.
Este estudo, conduzido por instituições de solidariedade norte-americanas contra o cancro, em conjunto com a Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, e o Mount Sinai Hospital, em Nova Iorque, descobriu que não só contribui para a proteção contra os tipos de cancro da mama mais comuns, mas também contra o cancro triplo negativo, um dos mais difíceis de tratar, por não ter três biomarcadores, que controlam as funções da célula.
De acordo com o Graham Colditz, investigador e diretor do centro de prevenção e controlo do cancro na Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, a amamentação pode prevenir dezenas de milhares de casos de cancro.
«Uma amamentação mais alargada, até completar 12 semanas de vida em cada bebé pode reduzir significativamente o risco de cancro da mama», afirmou Colditz.
Apesar do estudo não concluir sobre a duração adequada do aleitamento materno, os especialistas observaram que quanto maior o período, menores os riscos subsequentes.
Os cientistas não estão certos sobre todas as razões que levam a este resultado, no entanto o elevado nível de hormonas produzidas durante a lactação parece afetar o crescimento destas células, protegendo os seios de mudanças, que aumentam o risco de desenvolvimento de células cancerígenas.
Também o facto de as mulheres normalmente não ovularem durante o período de amamentação sugere uma proteção acrescida contra o cancro da mama e ovários.