Na visita ao supermercado, a necessidade de saber escolher os produtos alimentares mais adequados, e não apenas avaliar a relação qualidade/preço afixada, adquire fundamentada preocupação junto das pessoas que assumem a responsabilidade da alimentação de crianças. Este facto está não só relacionado com a preocupação de valorizar nutricionalmente os cuidados alimentares deste vulnerável grupo de risco mas também pela excessiva oferta alimentar que atualmente se pratica e sujeita a agressivas estratégias de marketing.
Por esta razão, este artigo pretende esclarecer os cuidados que devem orientar o consumidor no momento de adquirir alimentos para crianças rentabilizando assim uma escolha mais acertada que promoverá a certeza de uma compra bem-sucedida e, a longo prazo, contribuirá para um estilo de vida saudável e equilibrado, no lar.
Saiba pois que produtos alimentares deve procurar nas prateleiras dos supermercados e quais deve evitar:
1. Preparações de cereais (papas)
As instantâneas apresentam formulações muito semelhantes e podem ser preparadas a partir de água (lácteas, já contêm leite em pó) ou do leite do bebé (não lácteas) sendo que, neste último caso, são indicadas para bebés amamentados ou que apresentem um quadro de alergia ou intolerância.
Instantâneas ou prontas-a-comer? Para as crianças mais pequenas, respeite a faixa etária a que se aplicam, varie as marcas e os sabores entre si, salvaguardando sempre a possibilidade de alergia em cada nova introdução.
A introdução do glúten deve ocorrer por volta dos 6 meses e, de preferência, até aos 8 meses. Para qualquer faixa etária, vigie no rótulo, a composição nutricional em hidratos de carbono total, onde o elevado teor de açúcar pode ser dissimulado.
Ajuste a dose recomendada para a porção que o seu filho normalmente consome mas evite ultrapassar estas dosagens vs idade criança. Vigie igualmente o teor de sódio (sal) que deve sempre ser o mais baixo possível: compare os rótulos, neste parâmetro, de g para g, ou mg para mg: inspecione as unidades! A adição de mel ou de chocolate é totalmente desfavorável.
2. Boiões de Fruta
Os boiões, de composição 100% fruta, são a melhor opção para caso pontuais e que não comprometam o frequente consumo infantil de fruta crua. Evite produtos cujo rótulo registe mel na sua composição ou outro ingrediente que potencie o paladar doce (sacarose, frutose, dextrose, maltose…ose!) que a fruta naturalmente já possui. Fique atento a marcas mais baratas que desrespeitam o amadurecimento ideal da fruta e compensam a sua acidez com ácido cítrico (E330) e adição de açúcar.
3. Boiões de comida
No geral, estes produtos são de extrema qualidade e as reconhecidas marcas de alimentação infantil apresentam estes alimentos fortemente controlados tendo em conta as especificidades nutricionais das faixas etárias rotuladas. Mas o seu baixo teor proteico, adição desfavorável de sódio (sal) e necessidade de aditivos que salvaguardem a sua segurança fazem destes produtos uma opção desinteressante. Além disso, grande parte destas variedades gastronómicas não se adapta à cultura gastronómica portuguesa, o que pode ser um impedimento caso o alimento não tenha sido incorporado previamente na dieta da criança…
4. Bolachas
As opções destinadas para bebés de idade mais precoce são interessantes, pela sua textura e formulação pouco rica em açúcar e sódio e sempre que o bebé não seja celíaco. A clássica bolacha maria é sempre uma boa opção: vigie no rótulo o teor de açúcar bem como de sódio e a existência de gorduras hidrogenadas (trans).
5. Iogurtes
Escolha apenas as variedades refrigeradas que têm efeito probiótico. Antes da introdução do leite de vaca na dieta infantil, adquira apenas iogurtes de transição. A partir daí, privilegie o consumo de iogurte natural, não açucarado, sempre à base de leite semidesnatado, o qual pode enriquecer com outros alimentos (fruta cozida ou crua, cereais, bolacha moída).
Rejeite versões mini ou adoçadas com mel, lactose, frutose, etc. ou chocolate e atrações similares. Variando marcas, procure sempre o prazo de validade mais alargado. Variedade bifidus deve ser específica para crianças até aos 3 anos para não comprometer a sua flora intestinal residente. Opções light apenas por recomendação médica.
Existem outros alimentos, como as gelatinas e as sobremesas lácteas, bastante atrativas para as crianças mas nem sempre com a melhor qualidade nutricional. A regra é o equilíbrio nas quantidades, na frequência e em salvaguardar o consumo dos alimentos realmente importantes com base numa análise cuidada do rótulo!
Esperando que cumpra estes requisitos na rotina das suas compras lembro ainda da importância de favorecer sempre a alimentação não processada industrialmente, que deve confecionar a partir de alimentos frescos e de qualidade assegurada. Salvaguarda assim a saúde infantil, poupa na farmácia e…no pediatra! E nunca esqueça de inspecionar o prazo de validade e de armazenar, preparar, com todo o cuidado, em casa!