Ocitocina: a surpreendente hormona do amor
A proteção, o cuidado, a ternura e o carinho da mãe pelo seu bebé, comum em todas as fêmeas pela sua cria, assim como a capacidade de criar, estreitar e manter esta relação humana é obra de uma hormona – a ocitocina, a hormona do comportamento maternal.
A ação orgânica mais conhecida da ocitocina é ser a responsável por desencadear as contrações do útero durante o trabalho de parto. Mas esta hormona tem ainda um papel de enorme relevância durante o tempo seguinte ao parto: da ocitocina depende todo o desenvolvimento da relação entre mãe e filho com o desenvolvimento do comportamento maternal, mas também do estabelecimento da relação de vínculo com o bebé, já que a ocitocina da mãe é oferecida ao bebé através da amamentação.
Apesar de eminentemente feminina, a produção de ocitocina não é privilégio exclusivo das mulheres que são mães. Quando o pai segura nos seus braços o seu filho bebé, o hipotálamo masculino produz ocitocina estimulando assim o desenvolvimento do comportamento paternal e facilitando o estabelecimento da relação pai e filho.
Produzida no hipotálamo, no interior do cérebro, esta hormona está associada também ao desempenho sexual feminino sendo produzida durante o orgasmo.
Mas a ação da ocitocina é uma hormona muito mais vasta e estende-se muito para além da maternidade. Em ambos os sexos o contacto pele a pele e as carícias ou massagem carinhosa da pele, estimula a produção cerebral de ocitocina.
Nos últimos anos a ciência veio mostrar que a ocitocina tem uma ação moduladora do cérebro e do comportamento humano tanto nas mulheres como nos homens.
Os fantásticos efeitos comportamentais da ocitocina:
- Estimula e facilita o estabelecimento de relações pessoais amigáveis;
- Predispõe para aceitar e receber massagens corporais e expressões de carinho;
- Induz calma e repouso;
- Aumenta a capacidade de aprendizagem;
- Promove o reforço da memória social positiva;
- Estimula e facilita o estabelecimento de confiança nas relações pessoais e sociais;
- Melhora a memória social e o reconhecimento dos rostos familiares;
- Aumenta a memorização dos comportamentos sociais agressivos promovendo assim a capacidade de proteção;
- Diminui a agressividade da resposta face a comportamentos sociais não amistosos;
- Diminui os sinais de ansiedade e depressão pós-parto;
- Modula as emoções e o comportamento tanto em homens como mulheres;
- Promove as relações sociais positivas;
- Incrementa a generosidade e as atitudes caridosas e de beneficio filantrópico por oposição ao ganho pessoal.
Por todas estas características que enunciamos e explicamos, a ocitocina é denominada a hormona do amor sem a qual a espécie humana não seria tão humana como pode ser.
As mulheres que são mães de vários filhos, e que amamentaram durante largos períodos, são desde logo, o grupo muito privilegiado de seres humanos cujos cérebros mais tempo estiveram modulados por esta fantástica hormona.
Mas para todas as outras pessoas não incluídas naquele grupo há uma boa notícia: a estimulação carinhosa da pele é capaz de estimular a produção de ocitocina em todos os humanos.