As crianças que brincam com os pais desde tenra idade podem sentir maior facilidade em controlar o seu comportamento e emoções à medida que crescem, sugere um novo estudo.
A meta-análise, levada a cabo por uma equipa de investigadores da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge e da Fundação LEGO, recolheu e analisou dados de diversos estudos dos últimos 40 anos com vista a perceber de que forma as brincadeiras dos pais com filhos entre 0 e 3 anos de idade se distinguiam das brincadeiras entre mães e filhos e qual o seu impacto no desenvolvimento da criança.
Brincar com pai vs brincar com mãe
Diversos estudos apontam para a importância que a brincadeira entre pais e filhos nos primeiros anos de vida tem no desenvolvimento das capacidades sociais, cognitivas e comunicativas da criança. Contudo, na maioria dessas investigações a população objeto de estudo centra-se na relação mãe-bebé, sendo raras aquelas que investigam os efeitos das brincadeiras da figura paternal com os filhos.
A revisão da Universidade de Cambridge usou dados de 78 estudos, realizados entre 1977 e 2017 na Europa e América do Norte, e incidiu na procura de padrões sobre a frequência da brincadeira entre pais e filhos, qual a natureza desses jogos e as possíveis ligações que esses atos têm no desenvolvimento das crianças.
Ainda que os resultados apurados sejam semelhantes entre pais e mães, o estudo publicado no Science Daily, revela que os pais tendem a envolver-se em brincadeiras mais físicas (luta de cócegas, corridas/perseguições, jogar às escondidas, jogar à bola, etc), fundamental para fomentar o autocontrolo das crianças.
Brincar com o pai pode melhorar o autocontrolo das crianças
A meta-análise descobriu que as crianças que brincavam mais tempo com os seus pais demonstraram uma menor probabilidade de ser diagnosticadas com hiperatividade ou desenvolver problemas emocionais e comportamentais. Além disso, demonstraram um melhor autocontrolo da sua agressividade.
Tal acontece porque as brincadeiras físicas são mais adequadas para o desenvolvimento dessas capacidades.
“O jogo físico cria situações divertidas e emocionantes nas quais as crianças precisam aplicar a autorregulação“, diz Paul Ramchandani, professor da Universidade de Cambridge, explicando: “[A criança] Pode ter que controlar a sua força, aprender quando já foi longe demais.”
“É um ambiente seguro no qual as crianças podem praticar como reagir. Se reagirem de forma errada, podem ser repreendidas, mas não é o fim do mundo – e da próxima vez elas lembrar-se-ão que se devem comportar de maneira diferente”: finaliza.