O seu filho chega a casa e faz birras tremendas – dá pontapés, grita e não ouve a razão. Dar-lhe um lanche não adianta nada e castigar apenas torna tudo pior. Está à beira de perder a cabeça e não consegue perceber o que está errado ou o que fazer!
Ou pode ser que o seu filho faça birra na escola. A professora refere que ele reage à mínima crítica. É agressivo com as outras crianças e acaba por ser chamado ao gabinete do Diretor inúmeras vezes.
Quando se tem um filho que é indisciplinado, disruptivo – especialmente uma criança que magoa as outras ou que não parece comportar-se normalmente – é fácil sentir-se absolutamente desesperada. Pode mesmo questionar-se se é uma mãe competente.
Como se revela a ansiedade na criança
O que pode estar a escapar-lhe é que o seu filho não está a tentar ser difícil: pode muito bem ser que esteja a sofrer de ansiedade.
Quando falamos de ansiedade geralmente imaginamos alguém nervoso, tímido, desculpando-se constantemente, à beira de um ataque de nervos. Mas a ansiedade – especialmente nas crianças – pode manifestar-se de uma forma muito diferente. Quando nos sentimos exasperados por causa da ansiedade o mecanismo de “luta ou fuga” entra em ação. A adrenalina percorre o nosso sistema, enviando sinais ao nosso corpo de que estamos em perigo.
Para algumas pessoas esta resposta ao stress pode parecer mais uma forma interna de pânico (batimento cardíaco acelerado, perturbações intestinais) mas para outras a ansiedade é manifestada por uma agressividade virada para o exterior. Isto é comum nas crianças cujas grandes sensações ocupam os seus pequenos seres e que têm poucos mecanismos para lidar com estes sentimentos.
“Temos tendência a pensar nas crianças ansiosas como delicadas borboletas, mas quando as crianças estão assustadas conseguem ser ferozes para tentar escapar ou evitar situações que lhes provoquem ansiedade, diz Eileen Kennedy-Moore, uma psicóloga infantil e autora do livro “Kid Confidence” refere o Washington Post.
Causas da ansiedade na criança
Pense nisso: ser criança pode ser gerador de ansiedade especialmente quando se entra na escola. De repente surge uma pressão enorme para dar o seu melhor, comportar-se e controlar as suas emoções. Podem sentir a pressão social ou em casa. Mesmo em idades muito jovens muitas crianças já experimentaram traumas significativos.
A combinação entre predisposição genética para a ansiedade e a existência de causas ambientais potencia a possibilidade de surgimento de um transtorno de ansiedade infantil intensa e que normalmente não é reconhecida como tal.
Parte do problema, segundo explica Nancy Rappaport ao Child Mind Institute, é que muitas crianças que sofrem de ansiedade tendem a rejeitar ajuda por parte dos que as rodeiam. “O problema é que quando as crianças que são ansiosas se tornam disruptivas, afastam precisamente os adultos de quem mais precisam para se sentirem seguros”, diz. “E em vez de aprenderem a gerir a sua ansiedade acabam por passar metade do dia no gabinete do Diretor.”
A ansiedade e as perturbações psicológicas
Todas estas situações podem acumular-se se tem um filho que passou por traumas ou tem perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA).
“As crianças que se debatem com dificuldades, não se sentindo seguras em casa, podem agir como terroristas na escola, com comportamentos bastante intimidantes” explica a Dra. Rappaport. Crianças com PHDA e ansiedade podem ser as mais difíceis de identificar e tratar, diz. “São híper-vigilantes, não conseguem funcionar, não sabem ler os sinais e entram em combate imediatamente”.
Então o que devem os pais fazer se têm um filho disruptivo e suspeitam que a ansiedade possa ter algo a ver com isso? Em primeiro lugar, pensar que algo mais do que “o meu filho é um rufia” está a acontecer já é um grande passo porque muitos pais castigam os filhos pelo seu mau comportamento em vez de tentarem perceber o que está na origem do mesmo.
Se pensa que o seu filho pode sofrer de ansiedade ou qualquer outro transtorno psicológico leve-o ao pediatra ou a um psicólogo infantil para ser avaliado. Se obtiver um diagnóstico como ansiedade ou Perturbação Obsessiva Compulsiva (POC) (muito comum em crianças com problemas comportamentais), então será aconselhável abordar o professor do seu filho para elaborar um plano de ação.
Muitas vezes, compreender que a ansiedade pode ter algo a ver com o assunto muda dramaticamente a abordagem ao mau comportamento. A Dra. Rachel Busman, psicóloga clínica na Child Mind Institute, refere que antes de abordar a PHDA, as dificuldades de aprendizagem e problemas comportamentais, a maior parte das vezes é necessário tratar a questão subjacente de ansiedade.
Por exemplo, imagine um adolescente que tem POC e maus resultados escolares. “Tem comportamentos repetitivos 3 a 4 horas por dia e pensamentos obsessivos constantes – precisamos de tratar isso para conseguir controlar a ansiedade antes de podermos atacar o problema da aprendizagem” refere a Dra. Busman.
Como tratar a ansiedade
A boa notícia é que uma vez que se consegue um diagnóstico a ansiedade normalmente é fácil de tratar. Terapia cognitiva comportamental e Terapia comportamental dialética, são formas bem-sucedidas, explica o Washington Post. Outras estratégias de “coping” como meditação, respiração consciente e muito sono e atividades ao ar livre também podem ser benéficas.
Pode ser muito stressante ser mãe de uma criança que tem problemas, principalmente quando esses problemas incluem explosões de raiva e problemas na escola. Pode sentir-se só, mas, acredite, não está. O facto de estar a pensar nestes assuntos e à procura de respostas significa que está a fazer um trabalho fantástico como mãe.
E lembre-se, sejam quais forem as dificuldades com o que o seu filho se debate, existe ajuda.
Traduzido e adaptado de www.scarymommy.com/