Brincar lá fora é uma atividade cada vez menos comum.
Seja por iniciativa dos próprios pais, que por receio limitam a exposição da criança a locais fora do seu controlo, seja pelas próprias crianças que se sentem muito mais atraídas pelas novas tecnologias do que por uma gargalhada com os amigos à porta de casa.
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De facto, o sedentarismo tem atingido números recorde e em idades cada vez mais precoces.
Ver um grupo de crianças na rua com as suas bicicletas, uma bola de futebol ou a jogar ao “macaquinho chinês” tem sido um cenário cada vez mais raro.
Muitas das vezes (pasme-se) esta actividade é reprimida até pelos próprios moradores que consideram a “canalhada” na rua como uma falta de civismo e propulsor de uma futura delinquência.
Brincar lá fora é essencial, estrutural também, e pode provocar dificuldades na criança e nos seus desafios do futuro caso isto não aconteça.
Trabalha conceitos essenciais (e que nada têm a ver com delinquência) como é o respeito e a cooperação.
Mas será assim tão importante do ponto de vista do desenvolvimento a brincadeira fora de casa? – muito provavelmente sim, senão vejamos:
Motricidade
A motricidade trabalha-se não só a mexer os dedos no tablet. Exige muitas atividades e o mais variadas possível. Problemas relacionados com a obesidade infantil são comuns e podem afetar em muito do ponto de vista mental a criança, influenciando a sua autoestima e prejudicando a sua autoimagem.
Comunicação
Comunicar é uma tarefa essencial a desenvolver na infância. O vocabulário aumenta à medida que o desenvolvimento vai progredindo, mas também à medida que interage e comunica com outras crianças e adultos.
Negociação
Saber quais as regras do jogo e respeito pelas mesmas torna-se essencial nas brincadeiras lá fora. Isto permite que a criança desenvolva a sua capacidade para negociar, desenvolver empatia, no respeito pela comunidade e na sua própria integração no grupo evitando conflitos.
Responsabilidade
Estar fora de casa implica responsabilidades: não falar com estranhos, de respeitar o espaço que tem para a brincadeira e de não se meter em sarilhos. A autonomia promove-se e o cumprir do acordado com os pais também: manter-se contactável e saber a que horas tem que voltar para casa.
Brincar lá fora é também crescer. Se a criança não desenvolver essa autonomia agora, mais tarde terá que o fazer, sem a sua supervisão e sem a sua proteção. Deixar a criança sem esta oportunidade é impedi-la de crescer de forma saudável e eficaz. Por isso, sempre que tiver essa oportunidade, deixe os miúdos brincar lá fora.