As crianças são significativamente mais genuínas do que os adultos, e a lidar com as emoções também!
Muitas das vezes essa genuinidade, apesar de ser uma grande qualidade, torna-se um desafio, muito porque pode impedir que elas consigam comunicar de modo percetível com os adultos.
As crianças manifestam as suas emoções de maneiras diferentes, e muitas delas são “traduzidas” mais pelas ações que tomam do que pelo que verbalizam.
Por esse facto, lidar com as emoções é das operações mais importantes que uma criança deve desenvolver.
Muitas vezes um quarto desarrumado pode esconder muito mais do que um simples quarto desarrumado já que muitas das vezes o que influencia diretamente os nossos comportamentos são, definitivamente o que estamos a sentir.
Muitos pais, fazendo o que podem, focam-se acima de tudo na educação da criança, no seu bem-estar pessoal e no seu conforto.
Esta vertente, apesar de estar correta, muitas das vezes descura o trabalho emocional que as crianças também precisam.
Os problemas com a autoestima, a falta de confiança ou o conhecer deveres e limites são muito importantes para que em adulto esses défices não se manifestem em situações menos boas que o indivíduo não consiga gerir corretamente.
Apesar de todas as crianças terem necessidades diferentes e por isso a intervenção deva ser o mais individualizada possível, existem algumas estratégias que podem ajudá-lo a gerir (e desenvolver também) a inteligência emocional do seu filho.
Lidar com as emoções: filho de peixe sabe nadar
Muitas das vezes devemos educar através do exemplo. E sendo que todos nós sofremos de oscilações durante os dias/meses/anos da nossa vida, não há nada melhor que educar para as emoções os nossos filhos…estando atentos às nossas…
Se a criança compreender que o pai ou mãe estão “num dia mau”, mas que conseguiram gerir esse mal-estar controlando-se, a criança percebe e aprende com um exemplo prático ainda por cima vindo das mais importantes figuras que tem em seu redor.
Nessa vertente é muito importante que os pais não tenham medo de esconder as emoções em frente dos seus filhos. Isto não quer dizer que se faça uma “novela venezuelana” à frente da criança, muito menos que a família passe os seus dias a discutir. Trata-se de explicar à criança as suas emoções de adulto para que ela também perceba que o que os mais velhos sentem é idêntico ao que ela pode estar a experienciar, identificando-se.
Lidar com as emoções: dar espaço
Não há lugar para desenvolver emoções onde não houver abertura para a sua expressão. Para a criança, falar sobre um sentimento ou algo íntimo, por si só já é difícil, quanto mais se sentir que os familiares não lhe dão a oportunidade para que ela o faça sem receio de ser julgada ou gozada com a situação.
É muito importante que a criança sinta que pode falar sem receios e que sempre que precisar, a família estará lá para a ouvir. Além disso, as emoções e a sua expressão não deixam também de ser uma oportunidade para a criação de laços de intimidade entre a família e a criança. Aproveite estes momentos para aumentar o vínculo entre todos.
Lidar com as emoções: dois ouvidos, uma boca
Desenvolver emoções, seja com a criança, seja com qualquer outro ser humano (de qualquer idade), está mais relacionado com o ouvir do que com dar opiniões. Ouvir permite que o outro se expresse claramente e o tempo que precisar para o fazer. Isto além de o ajudar a sistematizar as suas próprias emoções, o simples acto de verbalizar ajuda-o também a tirar as suas próprias conclusões.
Nunca deixe que a sua experiência de adulto se intrometa na gestão emocional da criança. Se ela pedir um conselho, dê-o o mais assertivamente possível, caso contrário, seja um leme e limite-se a servir de guia.
Lidar com emoções é um caminho duro, mas essencial para qualquer um de nós. As emoções têm uma capacidade única: são nossas e manifestam-se de maneira diferente em cada um de nós. Lidar com elas não deixa de ser um caminho solitário. Mas como qualquer viagem, precisa de um mapa que nos oriente até ao destino.