Quando interagem, as ondas cerebrais da mãe e do bebé sincronizam-se. O seu nível de conetividade depende do estado emocional da mãe, afirma um novo estudo publicado em dezembro na revista científica NeuroImage.
Assim, quando as mães expressam emoções positivas, o seu cérebro conecta-se de uma forma mais intensa com o do bebé, ajudando no seu desenvolvimento e aprendizagem.
Para que fosse possível chegar a esta e demais conclusões, a equipa de cientistas utilizou o método Eletroencefalografia Duplo, que consiste na observação de sinais cerebrais da mãe e do bebé quando interagem um com o outro.
Interação mãe-bebé
A principal conclusão do estudo é que as mães e os bebés tendem a sincronizar as ondas cerebrais, acontecimento habitualmente designado por conetividade neural interpessoal, na frequência 6-9 hertz (Hz), a faixa alfa infantil.
Através da análise da qualidade e estrutura da conetividade neural interpessoal, a equipa de cientistas observou como as informações se processavam no cérebro da mãe e do bebé, respetivamente, e ainda como os dois operavam em conjunto, como uma rede e descobriu o que influencia cada um destes dois cenários.
Interações com contacto visual fazem cérebros funcionarem como sistema único
Os investigadores observaram que as interações entre mãe-bebé nas quais existe muito contacto visual aumentam a capacidade do cérebro da mãe e do bebé operararem como um sistema único, uma “mega-rede”, promovendo dessa forma a partilha eficiente e o fluxo de informação entre os dois.
De acordo com a autora do estudo, Vicky Leong, do Departamento de Psicologia da Universidade de Cambridge, a investigação permite compreender a conexão neural forte existente entre mães e bebés. “Os bebés ficam mais recetivos e prontos para aprender com as mães“, disse à revista Science Daily.
Nos primeiros meses de vida, “o cérebro do bebé tem a capacidade de mudar significativamente, e essas mudanças são impulsionadas pelas suas experiências. A utilização de um tom emocional positivo durante as interações sociais fazem os pais conectar-se melhor com os seus filhos“.
Mães deprimidas têm uma conexão diminuta com o bebé
No entanto, as mães que têm um estado mental negativo constante tendem a interagir menos com o bebé e, consequentemente, uma conexão neural muito diminuída.
Nestes casos, o tom da voz da mulher é mais monótono e “flat” e a sua interação visual com o bebé é consideravelmente inferior à das mães com atitudes e pensamentos positivos. Como resultado disso, a probabilidade da mulher responder ao bebé quando este tenta chamar a sua atenção é bastante mais baixa do que no caso anterior.
“A depressão pós-parto pode ter um impacto incrivelmente negativo na capacidade de estabelecer conexões com os filhos“, declara a cientista.
Enquanto espécies sociais, os seres humanos partilham estados emocionais com os outros que estão ao seu redor, no seu ambiente. Este trabalho demonstra como as emoções podem alterar, de forma inquestionável, a conexão neural entre dois indivíduos.
Os cientistas afirmam que estas descobertas são aplicáveis a variados outros tipos de vínculo afetivo, inclusive entre casais, amigos íntimos ou irmãos, nos quais os indivíduos estão altamente sintonizados com o outro.
Contudo, a força desse efeito depende do conhecimento e da confiança que existe entre eles.
