Quem tem filhos sabe que não raras vezes isto acontece e nem sempre nós, adultos, sabemos lidar da melhor forma com a situação.
Na verdade, todas as crianças em determinadas fases do seu desenvolvimento… mentem.
Com efeito, o comportamento de mentir é em certa medida normativo e faz parte de um saudável processo de crescimento emocional e comportamental. Integra pois, o universo infantil.
Na verdade, até sensivelmente aos 5 anos de idade, é frequente as crianças inventarem histórias e ocultarem a verdade, o que, desde que não prejudique ninguém, não tem à partida com que se preocupar.
Nestes casos, mais do que a mentira em si, importa perceber o que motivou as nossas crianças a mentir e o que eles nos estão a tentar comunicar com este tipo de comportamento, dado que nesta faixa etária as mentiras não tem intencionalidade significativa, acontecendo muitas vezes porque os pequenotes têm dificuldade em separar, destrinçar, a realidade do seu mundo imaginário.
Já nas crianças em idade escolar, a mentira costuma ocorrer ou porque fizeram uma interpretação errada daquilo que ouviram ou, a maioria das vezes, como uma forma de se auto protegerem, isto é, de alguma maneira pretendem:
- Proteger-se da desaprovação dos pais ou dos adultos que lhe são significativos;
- Evitar a todo o custo desiludir as pessoas que lhe são queridas;
- Evitar o castigo/punição;
- Conseguir manter algo que gostam ou até mesmo chamar a atenção, subtilmente solicitando mais proximidade e afeto.
Por volta dos 7 anos de idade, em que a distinção entre a realidade e a fantasia já está consolidada há que prestar mais atenção à frequência e natureza das mentiras, e explicar-lhes que este comportamento não só não é adequado como existem outras formas alternativas de lidar com as situações.
Em todos os casos, importa:
- Estabelecer uma relação com base no diálogo e reforçar que a mentira não é tolerada;
- Não assumir uma postura punitiva, tentando perceber porque é que eles nos estão a mentir;
- Falar do assunto sem ameaças para evitar que eles mintam com receio de serem castigados;
- Transmitir-lhes a ideia que por pior que o comportamento tenha sido o mais importante é a capacidade deles em o partilhar e que é isso que nós reconheceremos;
- Valorizar sempre que nos contam a verdade, explicando-lhe que a mentira é um ato voluntário e uma escolha;
- Ensinar comportamentos alternativos para lidar com uma situação difícil;
- Dar o exemplo!
Dica: comportamento gera comportamento – modele boas práticas!
Lembrem-se pais… muitas vezes somos nós, adultos, quase sem darmos conta que incentivamos o comportamento de mentir pois desde cedo praticamos pequenas mentirinhas sociais, ora vejam: “Maria, atende o telefone e diz que a mamã não está…“, “diz à avó que a sopa está deliciosa…” – (mesmo que não se tenha gostado) o que origina com que devagarinho eles interiorizem o comportamento de mentir como um comportamento a utilizar em determinadas situações.
Vale a pena pensar nisto!
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