Nesta série de artigos, a Drª Lúcia Magalhães, terapeuta da fala, apresenta e desmistifica algumas das afirmações frequentemente ouvidas sobre a terapia da fala. Neste artigo fala-nos sobre o mito “O meu filho/a fala à bebé, mas é só mimo”.
- Mito A Terapia da Fala só serve para pôr as crianças a falar direito
- Mito A Terapia da Fala não vale a pena antes dos 3 anos de idade
- Mito O meu filho/a vai entrar para a escola e não diz alguns sons
- Mito Os Terapeutas da Fala só brincam com as crianças
O meu filho fala à bebé, mas é só mimo
A criança pode recorrer a uma “fala abebezada”, com o intuito de obter mais atenção dos pais e/ou da educadora, seja por ter um bebé novo na família, por estar a atravessar um acontecimento em particular, por ser insegura, etc. Este comportamento pode ter uma série de causas que é importante identificar e analisar.
Em algumas situações, a criança pode apresentar um padrão de fala imaturo, não porque é mimalha, mas porque pode estar a ouvir mal ou já esteve privada de ouvir na totalidade durante um determinado período de tempo. Esta é uma situação muito frequente em crianças que apresentam ou apresentaram otites médias recorrentes.
Durante o período da otite e de convalescença, o bebé ou a criança poderá ter ficado condicionada de ouvir e de desenvolver a sensibilidade às diferenças existentes entre os sons, em termos de melodia, entoação, ritmo e acentuação.
A sensibilidade aos contrastes fonéticos dos sons da sua língua materna pode também não ter sido desenvolvida em pleno. Se a audição e a perceção dos sons da língua ficaram comprometidas, a criança irá manter ou desenvolver um padrão de fala incorreto e imaturo.
Assim sendo, uma fala à bebé pode não ser só mimo, podendo ser muito mais do que isso.