Logo no primeiro mês de frequência da creche, os bebés em Portugal passam, em média, 8 horas por dia naqueles estabelecimentos escolares, o que perfaz 40 horas semanais, mais 14 horas do que a média europeia.
A conclusão é de um estudo, que está a ser desenvolvido pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), pelo Instituto Politécnico do Porto (IPP) e pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América.
Impacto das creches no desenvolvimento dos bebés
Estudo conclui que ter uma educadora de infância na sala de berçário e promover uma boa comunicação entre a creche e a família podem fazer a diferença na adaptação dos bebés.
De acordo com a investigação, as crianças europeias com menos de três anos passam, em média, 26 horas semanais nas creches, um valor que é ultrapassado pelo caso português, onde os bebés passam cerca de 40 horas.
Entre outras conclusões, o estudo indica que, de um modo geral, as creches portuguesas seguem as práticas consideradas adequadas, nomeadamente reunir com os pais, preencher informações sobre a criança e fornecer dados sobre a instituição, transmitindo confiança no bem-estar dos bebés.
No que se refere às primeiras semanas de frequência da creche, a maior parte dos participantes (i.e., entre 82.2% e 100%) relatou a implementação das seguintes práticas:
- Realizar a entrada do bebé de acordo com uma calendarização pré-estabelecida e acordada com a família;
- Incentivar a família a aumentar o tempo de permanência do bebé na sala de forma gradual;
- Permitir que o bebé utilize na creche o(s) seu(s) objeto(s) de conforto preferido(s);
- Permitir que a família telefone ou visite a sala para saber como está o bebé, sempre que sentir necessidade;
- Incorporar nas rotinas da sala as rotinas de cuidados desenvolvidas na família;
- Prestar informações diariamente à família sobre a forma como está a decorrer a adaptação do bebé à creche;
- Procurar saber a forma como a família está a lidar com a transição do bebé para a creche.
Com menor expressão, encontram-se as seguintes práticas:
- A existência de profissional previamente escolhido para acolher o bebé e a família no primeiro dia de frequência da creche (54.4%);
- Convidar a família a passar algum tempo na sala, com o bebé, à chegada e/ou à saída (63.3%);
- Reunir com a família após as primeiras semanas de frequência da creche para conversar sobre o modo como o bebé se está a adaptar à creche (49.4%).
Note-se, ainda, que menos de 30% dos participantes afirmou existir para cada bebé um profissional com mais responsabilidade na prestação de cuidados, assim como nas interações com o mesmo.
Apenas 31% das creches participantes na investigação tinham uma educadora de infância indicada como responsável pela sala dos bebés. Destas, apenas 15 tinham uma educadora de infância a trabalhar a tempo inteiro, cujo papel é fundamental para envolver ativamente as crianças.
Participaram neste estudo 90 profissionais de educação a desempenhar funções em salas de bebés em creches da grande área metropolitana do Porto (8 instituições com fins lucrativos e 82 Instituições Particulares de Solidariedade Social – IPSS; 49 instituições localizadas em zona urbana e 41 instituições localizadas em zona não urbana).
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Para informação detalhada sobre este estudo consulte o artigo “Transição dos bebés para a creche: comunicação família-creche, qualidade dos contextos e adaptação do bebé”, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), pelo Instituto Politécnico do Porto (IPP) e pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América [consultado online a 25 de janeiro de 2017 na Revista Multimédia de Investigação em Educação / Multimedia Journal of Research in Education. Sensos-e Vol: I Num: 2 ISSN 2183-1432]