Para os adultos, comunicar na nossa primeira língua é um processo fácil e natural. No entanto, a aprendizagem da linguagem é um processo complexo e influenciado por vários fatores.
Quando as crianças estão na fase de aquisição de linguagem, é importante conversar com a criança, procurar repetir palavras e de forma pausada e estimular a fala com recurso a contos e histórias, de forma a diversificar o vocabulário.
Está provado que a quantidade e a qualidade da fala e o tempo a os mais pequenos que são expostos a interações linguísticas em casa, têm a capacidade de acelerar e enriquecer o desenvolvimento da linguagem.
Cientistas parecem ter chegado a uma conclusão que as experiências físicas das crianças no seu ambiente ajudam-nas a aprender novas palavras. Mais rapidamente aprendem palavras que se referem a algo que podem tocar, agarrar e interagir.
No estudo, os cientistas pediram aos pais que avaliassem a facilidade com que os seus filhos interagiam fisicamente com o objeto, ideia ou experiência a que uma palavra se refere. Facilmente descobriram que as palavras que traduzem brinquedos ou objetos com os quais as crianças interagem mais vezes, são as palavras aprendidas numa fase mais precoce.
Experiência física é fundamental
Esta teoria pode explicar o porquê ser mais fácil para uma criança dizer, pela primeira vez, por exemplo, “colher” do que “céu”. Ambas as palavras fazem parte do nosso quotidiano e, portanto, as crianças, certamente, as vão ouvir desde cedo. A grande diferença é que a colher é um objeto que se pode tocar, agarrar e interagir. Se estiver atento, vai encontrar provas desta relação na linguagem do seu filho.
Num outro estudo, ficou provado que crianças com 18 meses eram mais propensas a aprender o nome de um novo objeto enquanto seguravam esse objeto. Por outro lado, havia menos probabilidade de aprenderem enquanto os pais ou outros familiares seguravam o objeto.
A aprendizagem de novas palavras é mais fácil quando uma criança pode interagir com um objeto enquanto ouve o nome desse objeto
Se pensarmos, há imensos objetos diferentes no campo de visão dos mais pequenos. Por isso, quando os pais falam ou apontam para um determinado objeto no ambiente da criança, esta tem que se esforçar para descobrir a que se estão a referir. Mas quando os mais pequenos seguram ou tocam um objeto específico, como está mais perto e preenche quase totalmente a sua visão, fica mais fácil para se conectarem e estabelecerem a relação entre a palavra proferida pelos pais e o objeto concreto a que se refere.
Outra investigação comprovou que crianças que passaram mais tempo a manipular objetos, apresentavam um vocabulário mais rico na altura em que tinham 21 meses.
Impacto das novas tecnologias
É evidente que as novas tecnologias vieram facilitar as nossas vidas, mas nem sempre são nossas amigas. Os cientistas descobriram que as crianças que passavam mais tempo em frente a um ecrã, não eram tão eficazes ao reconhecer palavras que se referem a objetos fáceis de interagir.
Isto acontece porque o aumento do tempo de ecrã pode reduzir substrancialmente a quantidade e a qualidade das experiências físicas que as crianças têm com objetos ao seu redor.
Em resumo…
Claro que o seu filho não vai apenas aprender palavras que se referem a objetos possíveis de serem tocados. A seu tempo, as crianças aprendem novos conceitos e termos que não dependem da interação física.
Porém, pode ser útil dar a oportunidade às crianças de tocar e sentir as coisas sobre as quais estão a aprender, com toda a segurança. Ao fazê-lo, está a permitir ao seu filho usufruir de uma experiência rica que, além da linguagem e do desenvolvimento do cérebro, o vai permitir desenvolver as suas capacidades motoras.