Expressao-e-aprendizagem-que-relacao
Uma criança que se expressa com dificuldades pode ter problemas de aprendizagem na escola?
Essa questão é frequente quando a criança tem 5 anos e no ano seguinte irá ingressar no 1º ciclo de escolaridade, sendo importante clarificar alguns conceitos.
Em primeiro lugar, uma perturbação da fala pode ser apenas fonética, apenas fonológica ou fonético-fonológica.
Quando falamos em perturbação fonética ou articulatória, a criança produz um determinado som de forma incorreta (como por exemplo, um sigmatismo interdental que comummente é designado como “sopinha de massa”) ou não produz um ou mais sons.
Quando se fala em perturbação fonológica, as alterações ao nível da fala são causadas por dificuldades da criança ao nível da consciência dos sons.
Isto é, a consciência de que as palavras são constituídas e podem ser dívidas em sílabas e, por sua vez em sons; que existem sons diferentes que se produzem de maneiras parecidas, embora distintas, por exemplo que o fonema /v/ é diferente do fonema /f/.
É neste último caso, na perturbação fonológica e fonético-fonológica, que podemos confirmar que uma criança pode vir a ter dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita.
Isto porque, uma criança que tenha dificuldade em identificar e distinguir o som /v/, por exemplo, poderá escrever / ler “faca” quando o objetivo era escrever / ler “vaca”.
Este tipo de dificuldades adensa-se quando a criança tem de aprender que uma letra pode ser lida de maneiras diferentes (por exemplo, que a letra “s” pode ser lida como um /s/ em “sapo” e como um /z/ em casa).
A este nível, o terapeuta da fala pode realizar o rastreio e a avaliação atempadas das competências relacionadas com a consciência fonológica e a fala.
Quanto mais cedo forem identificadas as dificuldades, mais precoce será o acompanhamento e a prevenção de dificuldades na aprendizagem de leitura e de escrita no futuro.