Classicamente são descritos três tipos de alterações de desenvolvimento: o atraso, a dissociação e o desvio (1).
O atraso de desenvolvimento consiste num desfasamento entre a idade cronológica da criança e a idade correspondente às aquisições demonstradas, que se exprime de um modo mais ou menos uniforme em todas as áreas.
Quanto mais grave o atraso de desenvolvimento apresentado mais provável é poder demonstrar uma causa orgânica, ou seja, em que se comprova uma lesão do sistema nervoso central (1,4).
A dissociação refere-se a uma diferença significativa entre as várias áreas do desenvolvimento, com uma área mais gravemente afectada.
Exemplos típicos são crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, em que, na maioria das vezes, as áreas motoras não estão afectadas ou crianças com paralisia cerebral com atraso significativo nas áreas motoras e desempenho adequado nas restantes (1,4).
O desvio subentende a aquisição não sequencial de competências numa ou mais áreas do desenvolvimento. Esta perda de sequência poderá ter como base alterações neurológicas.
Por exemplo, um lactente que, quando tracionado a partir de decúbito dorsal, passa para a posição de pé sem se sentar, pode ter uma hipertonia dos membros inferiores, relacionada com uma paralisia cerebral (1).
Da mesma forma uma criança apresentar uma linguagem expressiva muito superior à compreensão, traduz claramente um desvio. Este facto pode reflectir uma utilização não comunicativa da linguagem, característica das perturbações do espectro do autismo (6).
Além dos três tipos clássicos acima referidos, existem dois tipos a ter em conta: a paragem e a regressão do desenvolvimento.
O primeiro refere-se a ausência da evolução normal das aquisições e o segundo à perda das aquisições já verificadas. São sinais muito preocupantes e frequentemente associam-se a patologia grave do SNC [Sistema Nervoso Central], nomeadamente doenças neurodegenerativas (4).