O divórcio é uma experiência devastadora para os filhos.
A Academia Americana de Pediatria resume no artigo “Helping Children and Families Deal With Divorce and Separation” as consequências que o divórcio tem sobre as crianças afirmando que as manifestações clínicas do divórcio nas crianças depende de muitas variáveis, incluindo:
- A idade da criança;
- O ambiente familiar anterior ao divórcio;
- A capacidade dos pais em gerir a sua própria raiva e frustração;
- O grau de capacidade dos pais para se focarem nas necessidades dos filhos;
- A personalidade/temperamento dos filhos e a
- Qalidade da relação dos pais com os filhos.
Como reagem as crianças à separação dos pais?
- Os bebés e as crianças com menos de três anos podem refletir o stress, o conflito e a preocupação dos seus cuidadores; frequentemente revelam irritabilidade, aumento do choro, medo, ansiedade de separação, problemas de sono e gastrointestinais e regressão no desenvolvimento.
- Aos quatro ou cinco anos de idade, os filhos costumam culpar-se pela rutura e infelicidade dos pais, tonam-se mais “maçadores”, fazem mais birras, interpretam de forma errada o que sucede no processo de divórcio, temem o abandono, têm mais pesadelos e fantasias.
- Os filhos em idade escolar podem mostra-se ausentes ou preocupados; exibir maior agressividade nas birras, parecer incomodados com a sua identidade sexual e sentir-se rejeitados e traídos pelo progenitor ausente. O rendimento escolar pode baixar, e é possível que sejam afetados por um conflito de lealdade e que pensem que merecem ser castigados.
- Os adolescentes podem revelar menor autoestima e desenvolver uma autonomia emocional prematura para gerir os seus sentimentos negativos a respeito do divórcio e da quebra de a imagem idealizada dos pais. A ira e a confusão conduzem frequentemente ao consumo de drogas ou tabaco, a um pior rendimento escolar, a uma conduta sexual inapropriada, à depressão, à agressividade e ao vandalismo.
Independentemente da idade, os filhos podem exibir sintomas psicossomáticos em resposta à raiva, à perda, ao conflito, ao facto de não se sentirem amados e a outros fatores de stress.
Podem tentar virar um pai contra o outro porque precisam de sentir que têm a situação sob controlo, testando regras e limites. Não obstante, tendem a sentir-se culpados e responsáveis pela separação e a acreditar que é da sua responsabilidade consertar o casamento.
Como minimizar os impactos negativos que o divórcio tem nos filhos?
Estes efeitos persistem a longo prazo, conforme comprovam vários estudos com filhos de pais divorciados. Cabe aos pais fazer os possíveis para minimizar os impactos negativos que o divórcio tem nas suas crianças:
- Eles devem saber que não são culpadas pelo divórcio;
- Os assuntos em litígio devem ser resolvidos longe dos filhos para evitar que assistam a cenas de gritos ou violência;
- As crianças não devem ser sujeitas a pressão ou chantagem emocional;
- Não deve ser usada como arma contra o “inimigo”;
- Não deve ser manipulada para se virar contra o outro progenitor;
- Não deve ser exposta a opções que impliquem uma quebra de lealdade ou que questione a sua eventual preferência (consciente ou inconsciente) por um dos progenitores;
- Os pais devem acordar as condições da guarda partilhada de acordo com os interesses dos filhos salvaguardando o sofrimento desnecessário da criança;
- Os pais não devem tentar comprar ou competir pelo afeto da criança;
- Os pais não devem criticar ou desvalorizar as opções do outro progenitor em frente aos filhos. Caso haja discordância sobre o que fazer ou as opções educativas, devem ser discutidas e concertadas em privado.
Artigo consultado “Helping Children and Families Deal With Divorce and Separation”, George J. Cohen and Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health, Pediatrics 2002;110;1019.
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