As 5 dimensões da parentalidade positiva
Parentalidade define-se como a ação de “tomar conta” em que ambos os progenitores, ou o pai ou a mãe, assumem responsabilidades e comportamentos para otimizar o crescimento e estimular o desenvolvimento da criança respeitando a sua integridade enquanto ser único e independente.
Este apoio deve ser centrado em fatores protetores e considerar as necessidades da criança em cada uma das suas fases de desenvolvimento, particularmente até aos 3 anos de idade, período de maior vulnerabilidade e de profunda dependência da criança face aos seus cuidadores.
Na psicologia positiva, o positivismo e as emoções positivas são a base para a aquisição de algumas das competências estruturantes da personalidade como a resistência ou a resiliência.
A valorização das emoções positivas como a felicidade, os talentos, o saudável relacionamento social com os pares ou o incentivo/promoção do desenvolvimento dos interesses e pontos fortes individuais são essenciais para a construção de uma personalidade positiva e para o desenvolvimento do seu potencial, segurança e bem-estar.
A parentalidade positiva parte do pressuposto de que ao gerar um filho e, ao mesmo tempo que mãe e pai se preparam para o nascimento, também se devem preparar para a parentalidade.
Para que isso aconteça os pais devem conhecer as cinco dimensões da parentalidade positiva:
- Compreender as necessidades físicas da criança.
- Promover a segurança da criança.
- Promover o desenvolvimento, comportamento e a estimulação da criança.
- Comunicar de forma positiva com o filho.
- Exercer uma disciplina positiva.
“Parentalidade positiva é um comportamento parental que se baseia no melhor interesse da criança e que assegura o seu crescimento, educação, capacitação, com reconhecimento e orientação, sem violência e com fixação de limites para permitir o seu pleno desenvolvimento.” (Council of Europe, 2006)
A parentalidade positiva como estratégia de proteção da criança e de combate contra os maus tratos infantis.
O conceito de parentalidade positiva surgiu associado à necessidade de encontrar estratégias para lidar contra a violência e maus tratos infantis tendo como base o trabalho desenvolvido junto dos pais/cuidadores.
A parentalidade positiva refere-se ao comportamento dos progenitores respeitador dos melhores interesses e direitos da criança. O pai e mãe positivos cuidam, capacitam, guiam e reconhecem as crianças como indivíduos no gozo pleno dos seus direitos. A qualidade das trocas afetivas entre os pais e os filhos e a sensibilidade dos pais para interpretar e responder às efetivas necessidades da criança com autenticidade e coerência são competências fundamentais no exercício de uma parentalidade eficaz, responsável e protetora.
A parentalidade positiva não é uma parentalidade permissiva: estabelece os limites que as crianças precisam para as ajudar a desenvolver ao máximo o seu potencial. A parentalidade positiva respeita os direitos das crianças e educa-as num ambiente não-violento.
A operacionalização desta estratégia consubstanciou-se no desenvolvimento de vários programas educativos/serviços de apoio aos progenitores a nível europeu centrados no apoio aos pais e no ensino de comportamentos e valores parentais, baseados no melhor interesse das crianças.
Estes programas educativos/serviços de apoio aos progenitores são elaborados tendo em conta:
- A abordagem prática e objetiva dos vários conceitos que gravitam à volta das funções da parentalidade como a educação, transmissão de valores, ajuda na integração social, ajuda na mudança (de escola, desemprego dos pais, divórcio, perda, doença ou morte, entre outros), disciplina, cuidados infantis sempre numa prespetiva de defesa e proteção do bem-estar da criança e, por isso, da família.
- O incentivo à partilha de experiências, emoções e boas práticas de parentalidade.
- A realização de um auto exame pelos pais para tomada de consciência do seu grau de confiança, das suas dificuldades enquanto pais, dos seus pontos fortes e pontos fracos.
- A formação para a parentalidade positiva e a transmissão de estratégias positivas para lidar com eventuais conflitos pais/filhos e com os desafios intrínsecos ao processo de crescimento da criança.
- Estimular a prática das estratégias aprendidas e a partilha de experiências (sucessos/insucessos).
“Esta proteção pressupõe a utilização de uma parentalidade positiva que é fundamental nos primeiros três anos de vida da criança, pois esta depende inteiramente dos seus cuidadores e tem oportunidades únicas de aprendizagem e desenvolvimento. Durante estes anos, o cérebro humano tem grande potencial para a aprendizagem e os pais têm oportunidade de otimizar o desenvolvimento do seu filho.” – American Academy of Pediatrics, 2005; Kretchmar-Hendricks, 2005
Bibliografia consultada: Folheto “Política de Apoio à Parentalidade Positiva”, Conselho da Europa. Recomendação do Conselho da Europa (2006).
20 de dezembro de 2014