Os problemas comportamentais são menos prováveis em crianças com pais que abraçam a paternidade com confiança, sugerem pesquisadores.
Filhos de pais confiantes são menos propensos a mostrar problemas comportamentais antes da adolescência. Esta é a conclusão de um novo estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Oxford.
Atitude dos pais e a influência no comportamento dos filhos
No que toca a influenciar o comportamento da criança no futuro, este novo estudo sugere que as atitudes do pai face à paternidade, logo após o nascimento do filho, assim como a segurança com que desempenha o seu papel de pai e parceiro, são mais importantes do que o seu envolvimento nos cuidados ao bebé/criança e nas tarefas domésticas.
“É a relação emocional e a resposta emocional, enquanto pai, que realmente importam quanto aos comportamentos futuros da criança“, afirmou Maggie Redshaw, psicóloga do desenvolvimento da Universidade de Oxford e co-autora da pesquisa.
Na revista BMJ Open, Maggie Redshaw e os seus colegas da Universidade de Oxford, descrevem como exploraram a influência dos pais sobre o comportamento dos filhos e que partiu da análise dos dados do estudo Avon sobre pais e crianças – estudo realizado em grande escala no Reino Unido que seguiu a saúde e o desenvolvimento de milhares de crianças nascidas no início da década de 1990.
Neste estudo, foi solicitado aos pais que preenchessem uma série de questionários em diversas fases da vida dos filhos.
As mães foram convidadas a avaliar o comportamento dos filhos aos 9 e aos 11 anos, com perguntas sobre as atitudes da criança em relação a outras crianças, a sua tendência para a inquietação, se estavam dispostas a partilhar os brinquedos e a confiança que demonstravam face a situações pouco familiares.
Os pais, entretanto, foram convidados a preencher questionários sobre a sua abordagem e sentimentos relativamente à parentalidade, 8 semanas e 8 meses após o nascimento do filho.
Responderam a questões como a frequência com que ajudavam no trabalho doméstico, a confiança que sentiam para desempenhar o seu papel de pai e se retiravam prazer do tempo que passavam com o bebé. As respostas foram avaliadas mediante a aplicação de escalas e os dados sistematizados.
Analisando os resultados de mais de 6.300 crianças que viviam com ambos os pais, pelo menos até aos 8 meses de idade, os pesquisadores descobriram que as crianças cujos pais eram mais confiantes e emocionalmente positivos sobre o seu papel parental, tinham menos probabilidade de apresentar problemas comportamentais por volta dos 9 – 11 anos.
Em contrapartida, o grau com que os pais se envolviam nas tarefas domésticas ou em atividades com os filhos parecia ter menos influência sobre o comportamento futuro das crianças.
Apesar de os autores admitirem que o estudo se baseou no auto-relato, e que as atitudes em relação à parentalidade podem mudar ao longo dos anos, Maggie Redshaw referiu que este trabalho destaca o impacto do pai no desenvolvimento infantil. “É parte da abordagem demonstrar que as experiências iniciais importam e que são relevantes do ponto de vista de ambos os pais.“, afirmou.
Iryna Culpin da Universidade de Bristol, que não esteve envolvida no estudo, concorda com esta afirmação. “Tradicionalmente, a pesquisa sobre o desenvolvimento da criança tem sido focada nas mães, no seu estilo parental e saúde mental, enquanto que o papel dos pais é muitas vezes esquecido.“, referiu.
A descoberta de que a percepção do pai sobre seu papel e sua confiança no desempenho da paternidade são aspectos fundamentais para o desenvolvimento da criança, pode ser um dado valioso para apoiar novos pais, acrescentou.
“Esta descoberta tem, potencialmente, a capacidade de influenciar as decisões políticas, o modelo de parentalidade e o sistema de saúde, ao envolver e incentivar a participação dos pais na vida dos seus filhos. Por outro lado, também contribui para que os homens se sintam mais confiantes e emocionalmente envolvidos no desenvolvimento dos seus filhos.“, concluiu.