Como educar as nossas crianças?
Através da disciplina, regras e autocontrolo ou através da punição?
A disciplina é um método positivo de ensinar às crianças o autocontrolo, enquanto a punição é uma técnica usada para impor a disciplina.
Os pais ao fazerem uma boa gestão dos comportamentos das crianças que as permitam sentir-se seguras e respeitadas, vão possibilitar que estas saibam o que é esperado delas, podendo escolher seguir ou não essas mesmas expectativas.
A punição acaba por ser a reação a uma falta de disciplina pelo que o primeiro passo para evitar a necessidade de punição é ensinar e incentivar a disciplina.
É fundamental que as crianças, antes de mais, saibam o que é um comportamento aceitável e inaceitável dentro do que é esperado para a sua idade. Modelar o comportamento e as expectativas é essencial. A “chave” é criar uma disciplina positiva, onde as crianças se concentrem no que é adequado fazerem e não no contrário.
Tendo em consideração que a punição tende a concentrar-se no comportamento passado, a disciplina incide sobre o comportamento presente e futuro de uma forma que evita problemas antes que eles surjam. Essencialmente, quanto mais foco se colocar na autodisciplina das crianças, menos tempo os pais terão de gastar a lidar com comportamentos indesejados dos seus filhos. O facto de parar, pensar e reformular aquilo que quer dizer, como quer dizer e tentar imaginar o impacto que as palavras e o tom de voz têm na criança, é o grande desafio da parentalidade.
É importante que os pais procurem compreender os sentimentos e necessidades não satisfeitas inerentes ao comportamento, apostando numa linguagem mais positiva e de compreensão em vez de promoverem críticas e conflitos.
Dar feedback, fazer correções e impor limites de uma forma respeitosa e compreensiva incita a criança a ouvir, a cuidar, a considerar, a expandir o seu pensamento e os seus sentimentos assim como os pensamentos e sentimentos dos outros.
Demonstrar preocupação face aos sentimentos e necessidades dos filhos pode ainda ajudá-los a ficarem envolvidos na conversa, a lidar com os limites que está a definir, ou a preocuparem-se com os seus pedidos. As estratégias de dar sermões, fazer ameaças, punir, incluindo consequências impostas e sistemas de recompensa em resposta ao comportamento ou falta de cooperação da criança, resulta numa sensação de que a criança está a ser julgada, rejeitada e ressentida.
As punições são destinadas apenas a garantir a conformidade com as regras, tendo por base uma disciplina autoritária e por isso não possibilitam que a criança a entenda o que fez de errado e como pode usar o autocontrolo no seguimento de novas regras.
Os pais que são conscientes e sensíveis nas suas interações com os filhos darão frutos para uma relação muito mais respeitosa que é baseada na confiança e no respeito mútuo.
Referências bibliográficas:
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