A expectativa é um conceito muito interessante no que toca às relações humanas.
No fundo ela é gerada no tempo de espera entre um desejo que temos e a sua futura concretização.
Num ponto de vista mais redutor, a expectativa pode ser boa, porque nos ajuda a traçar um caminho para um objectivo final que queremos atingir, canalizando as energias necessárias para que as nossas acções nos possam colocar, passo a passo, um pouco mais próximo dos nossos desejos.
No entanto, quando mal empregue, a expectativa pode também assumir um carácter negativo, muito principalmente quando os nossos desejos são demasiadamente difíceis de cumprir, gerando frustração e ansiedade.
Um dos grandes temas que tem envolvido a questão das expectativas é a sua projecção dos pais em relação ao futuro dos filhos.
É normal que a expectativa exista. Todos os pais esperam que os filhos tenham um determinado número de atitudes, comportamentos e graus de desenvolvimento que se enquadrem dentro da sua idade.
Têm a expectativa que comecem a andar em determinada idade, consigam comunicar normalmente, aprendam na escola, sigam uma vida social congruente, tenham um emprego estável, e por aí fora.
No entanto, por vezes os pais podem projectar algumas expectativas nos filhos que tendem a ser geradoras de frustração, tanto no progenitor como na criança.
Ao ser expectável pelo pai/mãe que a criança se comporte de determinada maneira no que toca à religião, carreira, que seja calma e estável na sua personalidade ou que viva mediante um conjunto de valores, se de facto a criança falhar nessas expectativas a frustração está instalada no seio da família. Com isso vêm as repreensões, os castigos, as obrigações, as zangas e as tristezas e frustrações.
Não se está aqui a dizer que a criança não deva ser repreendida quando assim for necessário, obviamente, mas um olhar sobre as expectativas para “prevenir antes de remediar” pode ser um factor interessante a reter, senão vejamos:
Cabe aos pais, a gestão das suas expectativas também, de uma maneira realista. Cada criança tem o seu caminho, o seu grau de desenvolvimento pessoal e a sua “luta” interna quando tenta todos os dias se adaptar num mundo que para ela é novo e desconhecido.
Compreender essa realidade, aconselhando, mostrando um caminho à criança, gerindo as suas próprias emoções e explicando que os desejos dos pais em relação ao seu futuro são um guia condutor para o seu desenvolvimento e não apenas um mapa rígido sem hipótese de alternativas. Isto permite que a criança desenvolva não só a sua personalidade de forma mais vincada (aumentando a sua auto-estima por exemplo, não se tornando tão dependente da aprovação dos pais), mas também com uma maior compreensão sobre o caminho que está a seguir.
Em todos os caminhos existem percalços e cabe a cada criança além de tomar decisões, conseguir perceber as suas escolhas. Isso faz-se gradualmente à medida que o seu desenvolvimento se torna mais maduro.
Se os pais tiverem uma linha orientadora para com os filhos, conversando, discutindo ideias e explicando que as suas expectativas são fundadas no desejo que estes tenham um futuro melhor, não impondo as suas vontades e desejos, a criança desenvolve armas muito interessantes na tomada de decisão, que serão decerto muito relevantes para o seu futuro.