O que são “pais helicóptero”?
Imagine que está num parque público com o seu filho e uma criança o expulsa do baloiço? O que faz?
Aguarda para ver a reação do seu filho e decidir o que fazer, intervém de imediato para o defender ou deixa correr e conversa com ele mais tarde para compreender o que sentiu e o ajudar a encontrar mecanismos internos para lidar com situações idênticas no futuro?
Como pais, todos temos o sentimento inato de proteger e estar sempre presentes para socorrer os nossos filhos. Claro que todos temos os nossos momentos. Alturas em que somos mais “despegados” e pensamos que o nosso filho tem mesmo que tentar resolver aquele problema ou ultrapassar determinada adversidade sozinho ou, então, saltamos como uma mola para o “salvar” do mundo.
Os pais “helicóptero” (overparenting) são pais superprotetores, que limitam a atividade dos filhos. Sempre na frente de combate, prontos para intervir e resolver os problemas pelos filhos, impedem que cresçam, corram riscos calculados e escolham o seu próprio caminho.
Também não envolvem os filhos nas pequenas tarefas domésticas, não lhes atribuem responsabilidades para não lhes “roubar” a infância em vez de verem nisso uma forma de ajudarem as crianças a adquirir novas competências que serão tão importantes para uma vida adulta independente e autónoma.
De forma geral, os pais superprotetores são extremamente exigentes com tudo. A educação, a disciplina, o desempenho académico, as amizades, os namorados. Os filhos têm que se distinguir em tudo e serem sempre os melhores. Falhar ou desistir não são opções.
Dentro da categoria dos “pais helicóptero”, os psicólogos definiram três tipologias que se distinguem entre si pelo nível de proteção: os pais que estão constantemente a “pairar” sobre os filhos e a intervir limitando profundamente a sua capacidade de escolha; os pais que fazem questão de fornecer orientações, que apontam o caminho que consideram mais adequado mas sem limitar completamente a capacidade de decisão dos filhos e, finalmente, os pais que perante uma situação de perigo ou crise, intervêm para proteger os filhos até que se sintam com capacidade para seguir o seu caminho.
Os filhos dos pais “helicóptero”
Os filhos dos pais “helicóptero” são crianças, adolescentes e adultos que, por crescerem sob a capa protetora dos pais, desenvolvem uma personalidade frágil, imatura, muitas vezes infantil, e com fracas competências sociais. Como têm medo de errar, não arriscam, não desenvolvem ferramentas para lidar com a adversidade, com a perda ou com a frustração. Não conseguem ser independentes.
Sugestões para promover a autonomia e a resiliência da criança:
- Atribuir responsabilidades adequadas à idade da criança (arrumar a mesa, levar o lixo, cuidar do animal de estimação).
- Promover o gradual aumento de autonomia à medida que a criança cresce: ajudar a arrumar os brinquedos, lavar os dentes sozinha, vestir-se sozinha, arrumar o quarto, etc..
- Incentivar o auto conhecimento e o desenvolvimento da sua própria identidade.
- Treinar competências e dar à criança ferramentas para superar as adversidades em vez de agir no seu lugar.
- Educar com entusiasmo, alegria, autoestima, apoio e segurança.
- Incentivar o convívio, a participação, a troca de experiências e o desenvolvimento pessoal.
- Permitir que a criança explore, experimente e faça coisas novas e diferentes, em segurança e supervisão parental mas sem interferência.
- Incentivar a criança a tomar decisões nos assuntos que lhe dizem diretamente respeito, a ter opções e a pensar nos seus critérios de escolha e consequências.