A maternidade desperta sentimentos contraditórios. Hoje em dia, as mães vivem na dúvida permanente e com sentimento de culpa. As situações mais fugazes e corriqueiras são o suficiente para ficarem a pensar se são boas ou más mães.
Nestas circunstâncias, a pressão externa também conta para agravar este sentimento de culpa. As opiniões dos outros, os conselhos (bem intencionados ou nem por isso), nem sempre vão ao encontro das respostas que as mães procuram e só contribuem para agravar o sentimento de insegurança e de dúvida.
Hoje em dia, existe tanta informação sobre as crianças, como as educar, como as ajudar a adormecer ou a comer sozinhas, que é natural que as mães fiquem com dúvidas.
“Qual o melhor estilo de parentalidade?”, “Que forma de educar vai fazer o meu filho mais feliz?”, “A primeira sopa deve ser um puré ou pode ter grumos?”, “Que fruta se pode dar a uma criança de 6 meses?”, “Devo dar o gelado ou explicar que não é uma opção alimentar saudável?”, “Devo ou não partilhar a cama com o meu bebé? Isso vai torna-lo num adulto dependente e inseguro?”
Não poucas vezes, as opiniões e conselhos são contraditórios. Dependem do ponto de vista, experiência, valores ou formação (pessoal ou académica) de quem as dá. E cabe sempre às mães decidir o que consideram melhor para os seus filhos.
No meio disto tudo, o que importa reter é que ninguém é melhor ou pior mãe porque segue um ou outro caminho porque, a grande maioria das mães, procura atingir o mesmo objetivo: dar e fazer o melhor para os seus filhos.
Atualmente, os pais estão mais sós. Nem sempre podem contar com o apoio dos avós ou de outros familiares de referência em quem se possam apoiar. As famílias são mais pequenas. Os filhos nascem mais tarde e em menor número.
As crianças ficam entregues a estranhos durante todo o dia e os pais nunca sabem exatamente o que aconteceu.
Cuidar e educar uma criança exige disponibilidade mental, tempo de qualidade e boa disposição.
As crianças podem ser tão absorventes que, por vezes, é difícil para o cuidador dispor de alguns minutos para se dedicar a uma tarefe tão banal como ir à casa de banho.
Para as mães, estar muitas horas acompanhadas só com o seu bebé é negativo para o seu bem-estar psicológico (Gro Nylander no seu livro Mãe pela primeira vez). Os adultos precisam da companhia de outros adultos para se sentirem intelectualmente estimulados, para não se sentirem sós e deprimidos.
Mas não há muitas alternativas para deixar o bebé para poder cuidar um pouco de si. E lá volta o sentimento de culpa porque a sua principal missão é estar com o bebé e não cuidar de si.
Não poucas vezes, este sentimento é imposto por quem está de fora, pelos comentários menos bem-intencionados, pelos preconceitos impostos pela própria sociedade.
Mas a verdade é que para cuidar bem, precisamos de nos sentir bem connosco. E também é verdade que existem várias maneiras corretas de educar as crianças. Como existem formas inequivocamente erradas como bater, humilhar ou chantagear emocionalmente uma criança.
Mas também sabemos que as mães escolhem o que é melhor para os seus filhos porque os conhecem melhor do que ninguém. E que, apesar das dúvidas constantes, acabarão por encontrar um caminho que as faça felizes e aos seus filhos também.