Promover uma vinculação segura entre os pais (e os cuidadores principais) e o bebé é um aspeto fundamental no saudável desenvolvimento emocional e promoção da saúde mental da criança no futuro.
A qualidade afetiva e as experiências do recém-nascido e do bebé influenciam de modo determinante o seu desenvolvimento global e ajudam a definir as suas emoções, relações, pensamento, aprendizagem e comportamento ao longo da vida.
Quando a vinculação entre os pais e o bebé é forte e estável, o bebé sente-se seguro, protegido, desejado e naturalmente apto para crescer equilibrado e conetado com os outros e com o mundo.
Tipos de vinculação
Os comportamentos de vinculação são os aqueles que favorecem a proximidade física entre o bebé e os seus cuidadores (mãe, pai, avós, profissionais na creche, etc.).
São comportamentos de sinalização do bebé, como o choro, o sorriso, o olhar, que vão conduzir os cuidadores a entrar em relação com ele.
O comportamento que os mais pequenos expressam face aos adultos e/ou ambientes onde estão inseridos reflete os seus sentimentos face às experiências e ligações que desenvolvem no seu dia a dia.
Nesse sentido, estar atento à forma como reagem pode ser uma forma de os pais perceberem como se sente o seu filho na presença de determinada pessoa ou quando fica na creche, por exemplo.
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Vinculação segura
Comportamento da criança face ao cuidador
- Reage positivamente à sua aproximação;
- Procura a proximidade e mantém o contacto com ele;
- Envolve-se em interações à distância;
- Acalma-se na sua presença;
- Sossega facilmente após encontro com ele;
- Usa-o como uma base segura para a exploração;
- Prefere a sua companhia à de um estranho.
Comportamento do cuidador
- Responde às necessidades da criança de modo caloroso, sensível e fiável;
- Reage de forma contingente às manifestações da criança;
- Está disponível física e emocionalmente;
- Tem prazer na interação com o bebé.
Expetativas que o bebé desenvolve
- Posso acreditar e confiar nos outros;
- Sou digno de ser amado, sou capaz e tenho valor;
- O meu mundo é seguro.
Vinculação insegura – evitante
Comportamento da criança face ao cuidador
- Quase não reage à separação do cuidador;
- Não festeja o regresso do cuidador após o encontro, ignora-o ou evita-o;
- Não procura a proximidade ou manutenção do contacto com o cuidador.
Comportamento do cuidador
- Tende a ser indisponível, não responsivo ou rejeitante.
Expetativas que o bebé desenvolve
- Os outros não estão disponíveis e rejeitam-me;
- Tenho de me proteger;
- Se ocultar as minhas necessidades, não serei rejeitado;
- Se fizer o que esperam de mim, não serei rejeitado;
- Se cuidar dos outros e negar as minhas necessidades, serei amado.
Vinculação insegura – ambivalente
Comportamentos da criança face ao cuidador
- Fica perturbado ou inquieto em caso de separação do cuidador;
- Difícil de acalmar após o encontro, pode ficar zangado;
- Tem dificuldade em explorar o meio circundante.
Comportamentos do cuidador
- Tende a responder às necessidades do bebé de modo inconsistente ou imprevisível.
Expectativas que o bebé desenvolve
- Os outros são imprevisíveis: ora amorosos e protetores, ora hostis e rejeitantes;
- Não sei o que esperar – fico ansioso e zangado;
- Não posso explorar – posso perder uma oportunidade de receber afeto;
- Se conseguir perceber os outros e levá-los a responder-me, terei as minhas necessidades satisfeitas.
Vinculação insegura – desorganizada
Comportamentos da criança face ao cuidador
- Pára subitamente, durante segundos ou minutos, com olhar alheado ou assustado;
- Afasta-se do cuidador quando está perturbado ou ansioso;
- Esconde-se após a separação;
- Fica confuso e assustado após o encontro;
- Evita fortemente e mostra grande ambivalência ou grande resistência face ao cuidador.
Comportamentos do cuidador
- Em situações extremas, é abusivo ou gravemente negligente;
- As respostas tendem a ser ameaçadoras, muito ansiosas ou dissociadas.
Expectativas que o bebé desenvolve
- A pessoa que trata de mim, por vezes, parece sentir-se sobrecarregada por minha causa ou zangada comigo;
- Os outros são abusivos – fisicamente, emocionalmente, sexualmente – ou negligentes;
- Não consigo que respondam às minhas necessidades;
- Não sei como me proteger.
Bibliografia: Public Health Agency of Canada, First Connections…make all the difference