Era uma vez uma linda Carochinha que ansiava pelo dia do seu casamento, mas o dinheiro era pouco e a Carochinha vivia triste a sonhar com esse dia. Num dia de rotina, enquanto varria a cozinha, deparou-se com uma surpresa inesperada – uma moeda de ouro brilhante. Radiante, correu para comprar um vestido novo e, entusiasmada, cantou à janela:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Quero eu!”
- “E quem és tu?” – inquiriu a Carochinha.
- “Eu sou o boi.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Sei e muito bem: muh, muh, muh!”
- “Cantas muito mal! Contigo é que eu não me vou casar!”
E, sem desanimar, a Carochinha cantou novamente:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Quero eu, quero eu!”
- “E quem és tu?” – perguntou a Carochinha.
- “Eu sou o burro.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Sei sim senhora: em ó, em ó, em ó!”
- “Cantas muito mal!
- Contigo é que eu não me vou casar!”
Sem desistir, a Carochinha prosseguiu:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Quero eu, quero eu!”
- “E quem és tu?” – indagou a Carochinha.
- “Eu sou o porco.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Sei pois: rnhoc, rnhoc, rnhoc!”
- “Cantas muito mal! Contigo é que eu não me vou casar!”
E novamente entoou:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Eu!” “E quem és tu?” – perguntou a Carochinha.
- “Eu sou o gato.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Claro que sim: miau, miau, miau!”
- “Cantas muito mal! Contigo é que eu não me vou casar!”
A Carochinha continuou persistente:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Eu, eu!”
- “E quem és tu?” – perguntou a Carochinha.
- “Eu sou o galo.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Claro que sei: có-có-ró-có-có!”
- “Cantas muito mal! Contigo é que eu não me vou casar!”
Já a ficar desanimada, a Carochinha cantou uma última vez:
- “Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?”
- “Quero eu!”
- “E quem és tu?”
- “Eu sou o João Ratão, simpático e valentão.”
- “E sabes cantar para me alegrar?”
- “Claro que sim, minha linda Carochinha…ih, ih, ih!”
A Carochinha ficou encantada e casou com o João Ratão. Por algum tempo, viveram felizes juntos. Um belo domingo, a Carochinha decidiu ir à missa e pediu ao João Ratão que cuidasse da panela que estava ao lume, onde cozinhavam feijões para o jantar.
Antes de sair, disse-lhe:
“Não mexas na panela, Joãozinho… não sejas guloso!”
No entanto, o João Ratão não conseguiu resistir à tentação. Ao tentar provar os feijões, desequilibrou-se e, num instante, caiu dentro do caldeirão! Quando a Carochinha regressou a casa, deparou-se com uma cena terrível: o seu João Ratão estava cozido e assado dentro do caldeirão, pagando o preço pela sua gula desmedida.
Moral da história da Carochinha e do João ratão
A moral desta história é clara: a ganância e a falta de autocontrole podem levar a consequências desastrosas. O João Ratão, apesar de ter conquistado o coração da Carochinha, sucumbiu à tentação de satisfazer os seus desejos imediatos, ignorando o aviso da sua amada. A história ensina-nos que é importante equilibrar os desejos pessoais com a responsabilidade e a moderação, para evitar resultados trágicos. Além disso, sublinha a importância de valorizar o caráter e a sabedoria acima da aparência exterior, já que a Carochinha rejeitou os pretendentes anteriores com base nas suas aparências e falta de qualidades interiores.