Imagem: cena do filme “A Christmas Carol.”AP Photo/Disney, ImageMovers Digital LLC
Natal não é Natal sem revisitarmos o que é provavelmente um dos mais famosos contos de Natal conhecidos: Um Conto de Natal (traduzido do inglês A Christmas Carol) de Charles Dickens.
Este conto de Natal soma já mais de 170 anos, pois foi publicado mesmo antes do Natal, a 19 de dezembro de 1843. Reza a história que Charles Dickens escreveu-o em menos de um mês pois pretendia pagar dívidas com o dinheiro que ganhasse. O conto foi um sucesso imediato, que ainda hoje se mantém, recontado e adaptado de várias formas.
A mensagem, essa, continua clara: apela à generosidade e compaixão, em detrimento da ganância e avareza.
Vamos então recontar a história do avarento Ebenezer Scrooge.
Ebenezer Scrooge
Ebenezer Scrooge detestava a época natalícia. Vivia para o trabalho e para o dinheiro que se acumulava desde há muitos anos nos seus cofres. O Natal só servia para lhe atrasar os negócios. Do seu escritório, situado numa parte movimentada de Londres, observava com desprezo a azáfama das pessoas que levavam consigo pinheirinhos de Natal, comida, azevinho e presentes. E as canções de Natal, como ele as abominava! Era insuportável ouvi-las por toda a parte na cidade.
Já Bob Crachit, o seu fiel empregado, pensava o contrário. Adorava o Natal e toda a época natalícia que celebrava sempre com enorme alegria.
Era dia 24 de dezembro e Bob, pai de quatro filhos, contava as horas para voltar a casa e juntar-se à sua adorada família para a ceia de Natal. Apesar de Scrooge lhe pagar uma miséria de ordenado, a mulher conseguia preparar sempre uns pratos modestos, mas deliciosos. Muito do dinheiro era gasto com o pequeno Tim, um dos filhos do casal com problemas nas pernas que lhe dificultavam a marcha.
No entanto, apesar de todas as dificuldades os Crachit passavam sempre um Natal muito feliz.
O Espírito de Natal do Passado
Nessa mesma noite de Natal, Scrooge voltou tarde para casa, onde vivia sozinho. Jantou e adormeceu cedo, mas passado muito pouco tempo acordou com uma visita estranha. Era o espírito de Jacob Marley, seu ex-sócio que tinha morrido uns anos antes, e carregava consigo pesadas correntes.
Marley disse-lhe que não conseguia descansar em paz pois não tinha sido nem bondoso e nem generoso em vida, tal como Scrooge. No entanto, Scrooge ainda ia a tempo de mudar. Assim, iria receber, ainda nessa noite, a visita de 3 espíritos. Dito isto, desapareceu, deixando Scrooge bastante intrigado.
Mal teve tempo de pensar pois surgiu o primeiro espírito, envolto em luz. Era o espírito de Natal do Passado, que guiou Scrooge pela mão até à sua juventude. Reviu-se sorridente a celebrar alegremente o Natal, numa altura em que ele adorava a quadra natalícia. Perante aquela recordação, sentiu-se muito triste e o espírito levou-o de volta para o seu quarto.
O Espírito de Natal do Presente
Passados breves momentos, Scrooge deparou-se com uma figura grande e robusta, com um ar risonho e feliz. Tinha uma bela coroa de azevinho na cabeça e na mão trazia uma tocha. Era o espírito de Natal do Presente que levou Scrooge a visitar a celebração do Natal atual. Passaram pela casa do seu empregado Bob Cratchit. Ao espreitar pela janela, Scrooge reparou que apesar de pobre, a família estava toda reunida e muito feliz. Ao voltarem para o quarto do velho avarento, o espírito de Natal do Presente mostrou sob o seu manto duas crianças com ares terríveis e disse que os homens deviam ter cuidado com elas. Eram a Ignorância e a Miséria. Dito isto, desapareceu.
O Espírito de Natal do Futuro
Após a visita do alegre e folião espírito de Natal do presente, surgiu uma figura alta, escura e com o rosto oculto. Apenas se vislumbrava uma mão neste vulto negro que se manteve silencioso. Era o espírito de Natal do Futuro que levou Scrooge a um cemitério, onde apontou para uma lápide. Para seu horror, o velho viu o seu nome gravado na pedra que assinalava uma campa descuidada e esquecida. Tinha morrido solitário e ninguém o tinha chorado. Ficou totalmente transtornado e angustiado com aquela visão do seu futuro. Sempre silencioso, o espírito levou-o de volta para o quarto e desapareceu.
Um conto de Natal com um final feliz
Na manhã seguinte, Scrooge acordou com o alegre repicar dos sinos que anunciavam o dia de Natal. Foi à janela e viu muitas pessoas na rua, que se cumprimentavam e desejavam bom Natal umas às outras. Scrooge olhou para o calendário. Era Dia de Natal. Portanto, tudo que tinha visto tinha-se passado numa noite. Melhor ainda, continuava vivo!
Rapidamente vestiu-se, saiu de casa a assobiar e foi a várias lojas. Saiu carregado de presentes e foi distribuindo esmolas por onde passava. Dirigiu-se a casa do seu sobrinho que o tinha convidado para passar o Natal com a família, mas Scrooge tinha recusado. Mas a visita dos três espíritos de Natal tinham produzido enormes mudanças nele.
Bateu à porta e com um enorme sorriso entrou e cumprimentou os presentes. Foi amavelmente recebido e celebrou, feliz, o Natal em família como há muito não fazia!