A obesidade infantil é atualmente referida como uma epidemia dos dias modernos, algo que não é surpreendente visto que a própria Organização Munidal de Saúde (OMS) já considerou esta patologia como um dos desafios da saúde pública do século XXI.
A obesidade infantil é se regista um índice de massa corporal (IMC) superior ao percentil 95 nos gráficos de crescimento infantil. Para tal, é tido em conta não somente o peso da criança, como também a sua altura, idade e género.
Ainda que a sua definição seja um tema controverso, as estatísticas da sua incidência provocam alguma preocupação junto da comunidade científica.
Aumento da obesidade infantil
Estaremos, em pleno século XXI, a assistir a um aumento preocupante da obesidade infantil?
De acordo com os dados formais do Reino Unido, a estatística mantém-se inalterável desde 1995: uma em cada cinco crianças entre os 10 e 11 anos de idade tem obesidade. Apesar de os números parecerem ter começado a estabilizar nos últimos anos, a sua incidência é ainda muito elevada.
As taxas de obesidade em crianças com idades compreendidas entre 4 e 5 anos são alarmantes: uma em cada dez é considerada obesa.
Portanto, não, não se verificou um aumento substancial, mas também não estamos perante um declínio, que seria o desejável.
85% das crianças obesas sem acompanhamento podem ter obesidade na idade adulta
Se as crianças com sobrepeso (com IMC com ou acima do percentil 85) com forem incluídas nesta equação, os resultados mudam drasticamente: uma em cada três crianças tem sobrepeso ou obesidade. Investigações sugerem que se todas estas crianças não forem acompanhadas e tratadas por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde, nos quais se inclui um psicólogo, pediatra e nutricionista, mais de 85% destas crianças serão adultos obesos.
Segundo a BBC, a obesidade infantil é um assunto que apenas veio para a esfera pública depois de, em 1990, haver um aumento exponencial dos casos em crianças e adultos. Uma década antes, a percentagem de crianças com sobrepeso era de cerca de 5% e a de crianças obesas 2%, números estes que mais do que duplicaram no espaço de apenas 10 anos.
Por que está o sobrepeso (que pode, por sua vez, gerar obesidade) a aumentar?
O sobrepeso resulta de uma incorreta ingestão de calorias. Isso acontece quando se ingere mais calorias do que as que se gasta nas atividades do dia a dia.
Por outro lado, a obesidade é desencadeada por diversos fatores, como:
- alimentação e ingestão de líquidos que dão muita energia, mas são pobres em termos nutricionais;
- diminuição de atividade física (caminhadas, andar, correr e demais desportos);
- viver em ambientes onde todos estes fatores tenham relevância e possam ganhar terreno.
Qual a faixa etária em que a obesidade é mais prevalente?
Segundo as estatísticas, as crianças com idades entre os 11 e os 15 anos têm uma maior propensão para terem sobrepeso ou obesidade. No entanto, tal não significa que não atinja outras faixas etárias. Os problemas de peso podem afetar qualquer criança em qualquer idade.
Um facto preocupante que a BBC enfatiza é o facto de os pais não saberem, na maioria das vezes, reconhecer quando a criança tem peso excessivo, e portanto, não agirem logo no início, deixando que o problema se instale e ganhe proporções mais graves. Porém, se os pais estiverem alerta e iniciarem acompanhamento regular numa fase precoce, é muito provável que as crianças reaprendam hábitos de vida saudáveis e, por conseguinte, consigam baixar o seu peso corporal e manter um peso saudável à medida que crescem.
Apesar da obesidade não ter classe social, no Reino Unido verificou-se que é duas vezes mais comum nas famílias carenciadas que residem nos subúrbios das grandes cidades. Há quem diga que ter uma alimentação saudável é caro, mas há muitas formas de fazer receitas saudáveis com ingredientes baratos.
Em suma, a obesidade não parece estar a aumentar, não pelo menos de acordo com os dados divulgados pelo Reino Unido. No entanto, o sobrepeso pode estar a ganhar espaço e isso sim, poderá levar mais tarde a um aumento na obesidade.
Na prevenção é que está o ganho, já diziam os nossos avós
De forma a prevenir a obesidade e promover a boa saúde das crianças, há uma série de coisas a ter em conta:
- Dar o exemplo;
- estabelecer regras – deixando que haja espaço para exceções -;
- encorajar o exercício físico;
- escolher refeições, snacks e bebidas saudáveis;
- promover mais tempo de sono de qualidade e menos tempo em frente a aparelhos eletrónicos.