A compulsão alimentar é um distúrbio alimentar que se manifesta por comer mais depressa do que o normal ou por não conseguir controlar a vontade de ingerir alimentos.
De acordo com a American Psychiatric Association (APA), este transtorno ocorre de forma mais frequente em pessoas com obesidade, geralmente em crianças, adolescentes ou jovens adultos.
Compulsão alimentar
O que é?
A compulsão alimentar trata-se de um transtorno/distúrbio que consiste numa perturbação da alimentação ou na sua relação com a comida. Regularmente associada à falta de controlo perante o consumo de determinados alimentos – quando começa a ingeri-los não se sente capaz de parar -, pode levar a sentimentos de frustração, vergonha, angústia e culpa.
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da APA, pode ler-se que é comum observarem-se padrões comportamentais nos jovens com este distúrbio, tais como:
- A necessidade de se isolar por forma a encobrir o que se passa;
- A falta de controlo no que come e na quantidade ingerida, comendo até se sentir demasiado cheio ou mal disposto;
- A ingestão rápida de grandes quantidades de comida, mesmo que não tenha fome;
- Sentimentos de repulsa, culpa, ansiedade e depressão após cometer o excesso;
- Uma baixa autoestima e uma maior preocupação com o peso e a forma física.
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Diagnóstico
O distúrbio de compulsão alimentar deve ser sempre diagnosticado por um profissional de saúde. A sua confirmação é obtida geralmente quando os episódios de ingestão excessiva acontecem, pelo menos, uma vez por semana, num período mínimo de três meses. No entanto, este não é o único fator que permite chegar ao diagnóstico. Também outras patologias psiquiátricas podem estar na génese do distúrbio alimentar, como a depressão, ansiedade infantil, transtorno bipolar e abuso do consumo de substâncias químicas (bebidas alcoólicas e/ou de outras substâncias). Além disso, é importante que se procure saber se se registaram perdas de peso decorrentes da toma de laxantes ou até da indução do vómito, para descartar outro tipo de perturbações do foro alimentar, como a bulimia.
Assim que o diagnóstico é feito, o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível de forma a controlar e combater o problema numa fase inicial.
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Tratamento
Existem várias opções de tratamento para o transtorno da compulsão alimentar. A terapia cognitivo-comportamental, a integração em grupos de apoio e aconselhamento e planeamento nutricional (por uma nutricionista devidamente certificada para exercer as suas funções) são algumas delas. É, contudo, importante frisar que as opções são sempre adequadas ao quadro clínico de cada paciente e serão debatidas entre o médico assistente e o paciente.
De notar que os transtornos alimentares compreendem situações graves e nem sempre a solução está apenas dependente da vontade da criança ou adolescente.
É fundamental ter o apoio de uma equipa multidisciplinar que atue nas diversas frentes (visando minorar o impacto físico e psicológico). Essencial também é que a família seja envolvida no processo.
Consequências da compulsão alimentar
Os jovens que padecem deste distúrbio tendem a ter uma maior percentagem de gordura corporal e um peso acima do normal para a sua faixa etária, o que pode aumentar a incidência de hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade infantil.
A clínica Psiquilíbrios, clínica especializada em psicologia e pedopsicologia, ressalva ainda, num artigo publicado por Carlos Marinho, que esta perturbação pode “contribuir para um conjunto de problemas, como a atribuição de uma importância excessiva ao peso e à forma corporal na avaliação do valor pessoal, uma preocupação exagerada com a alimentação, funcionamento social e ocupacional comprometido, sintomas depressivos e de ansiedade e uma maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de diferentes perturbações psiquiátricas“.
Perante uma situação como esta, aconselhamos que peça aconselhamento médico para evitar as consequências que acima referimos.
Fontes: Lusíadas; Farmácias Portuguesas; Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), edição portuguesa; Artigo “Perturbações da Alimentação e da Ingestão”, da clínica PsiquilibrioS.