Os antibióticos e a criança
Com a aproximação do tempo frio e húmido, aparecem muitas doenças e incómodos próprios das estações mais frias. Mas nem todos os males se curam com os antibióticos. Saiba porquê.
O que são antibióticos?
Quando uma bactéria invade o corpo da criança, rapidamente começa a crescer e a multiplicar-se. Nos primeiros meses de vida, as defesas produzidas pelo organismo da mãe são transmitidas ao bebé através da amamentação, contribuindo para o reforço do seu sistema imunitário, ainda imaturo no nascimento.
Ao longo do tempo, o contacto do organismo da criança com os microrganismos, que existem abundantemente no meio ambiente, promove o reforço das defesas do seu sistema imunitário.
Na maioria dos casos, a criança consegue combater sozinha os ataques bacteriológicos. No entanto, se passados uns dias continuar doente, pode ser um sinal de que as bactérias se continuam a multiplicar e é necessária uma ajuda extra para combater a infeção. O seu pediatra pode aconselhar o uso de antibióticos, fármacos capazes de parar ou mesmo destruir a multiplicação de bactérias e parar a infeção.
Pelas suas propriedades, os antibióticos não são eficazes contra os vírus e, por isso, há situações em que a toma de antibióticos não produz qualquer resultado positivo no estado de saúde da criança, antes pelo contrário, aumenta a resistência das bactérias no caso de ataques futuros.
O uso excessivo dos antibióticos e a resistência das bactérias
As bactérias são microrganismos que se adaptam muito facilmente às mudanças do seu meio ambiente e, por isso, podem desenvolver defesas contra os antibióticos quando estes são usados de forma inadequada ou recorrente. Entre as doenças provocadas por bactérias, incluem-se a amigdalite, sinusite, otite média, meningite, bronquite ou a pneumonia.
Atualmente, o uso de antibióticos banalizou-se de tal forma que se pensa que é a cura para todos os males e infeções. Por isso mesmo, a má utilização ou o uso excessivo dos antibióticos são a principal causa para o aumento da resistência das bactérias.
Quando as bactérias sobrevivem ou se continuam a desenvolver na presença de um antibiótico diz-se que lhe é resistente. Esta adaptação das bactérias deve-se, sobretudo, às mutações genéticas que sofrem quando expostas ao antibiótico. As bactérias resistentes permanecem ativas, transmitem a resistência aos descendentes e permanecem no local da infeção aumentado, progressivamente, a ineficácia dos antibióticos e a dificuldade no combate às infeções causadas por bactérias.
A utilização desnecessária de antibióticos para tratar uma gripe ou constipação (os antibióticos não têm qualquer ação contra as doenças provocadas por vírus), a automedicação e a toma errada (não respeitar a dose indicada pelo médico, compensar o esquecimento de uma toma com o reforço da seguinte, não completar o período de tratamento indicado pelo médico, interromper o tratamento quando a criança se sentir melhor ou guardar o resto para tomas posteriores), são formas de favorecer a gradual resistência das bactérias aos fármacos em vez de aumentar a capacidade do sistema imunológico da criança para lidar com estes microrganismos.
Efeitos secundários
O uso de antibióticos deve ser sempre prescrita pelo pediatra. A alergia (hipersensibilidade) à penicilina, à amoxicilina ou a qualquer outro componente do antibiótico ou se a criança estiver a ser amamentada pode levar a efeitos secundários como dores de barriga ou de cabeça, vómitos ou diarreia.
Da mesma forma, um antibiótico receitado a uma criança não deve ser dado a outra pessoa mesmo que apresente os mesmos sinais de doença porque lhe pode ser prejudicial. Informe-se sobre os efeitos secundários e fique atenta a possíveis sintomas (como manchas na pele, comichão, olhos e mucosas irritados, redução da quantidade de urina, vómitos, diarreia, dificuldades respiratórias, entre outros) e procure imediatamente assistência médica.
Durante o tratamento, ofereça muita água à criança para que se mantenha bem hidratada e liberte os químicos mais rapidamente do corpo. Raramente, o uso de antibióticos provoca a descoloração superficial dos dentes. Manter uma boa higiene oral diária ajudar a evitar este problema.