O tétano é uma doença grave que afeta o sistema nervoso. Estima-se que esta doença provoque mais de 200.000 mortes por ano a nível global, especialmente entre os recém-nascidos e crianças pequenas. Contudo, nos países desenvolvidos a doença é hoje em dia muita rara, graças à vacinação. Conheça mais de perto esta doença e a forma como afeta as crianças em caso de ser contraída.
O que é o tétano?
O tétano é uma infeção aguda e grave, causada pela bactéria Clostridium tetani, que entra no organismo pelas feridas ou lesões da pele. Após o tempo de incubação, a doença progride com grande rapidez, afetando o sistema nervoso central e periférico. Pode, assim, causar contraturas musculares violentas no corpo todo e ainda convulsões nos recém-nascidos. Qualquer estímulo, som, toque são o suficiente para causar essas contraturas violentas. Pode conduzir à causar morte por paragem respiratória ou paralisia dos músculos respiratórios.
Apesar de poder surgir em qualquer idade, os recém-nascidos e crianças pequenas causam maior preocupação pois são as idades com maior risco de morte pela infeção. De facto, o tétano além de ser grave, pode causar a morte em 20 a 50% dos casos, especialmente em crianças pequenas.
Como se transmite?
O tétano não é uma doença transmissível de pessoa para pessoa. A bactéria penetra no corpo através de qualquer tipo de ferida com esporo da bactéria Clostridium tetani, que se encontra no meio ambiente.
Portanto, corre maior risco quem apresenta feridas da pele, por mais insignificantes que possam parecer, queimaduras, e contacte com terra ou fezes contaminadas ou que use agulhas contaminadas. Este último caso afeta especialmente os toxicodependentes.
A infecção pode ainda estabelecer-se em condições de higiene precária. Nas mulheres pode comprometer o útero a seguir a um parto sem a higiene necessária, uma infeção conhecida como tétano materno. Nos recém-nascidos, pode surgir no coto umbilical (tétano neonatal) como resultado de pouca higiene nos cuidados com o coto umbilical.
A diabetes e um historial de imunossupressão podem ser fatores de risco de tétano.
Período de incubação do tétano
O período de incubação é de 3 a 21 dias.
Sintomas do tétano
A infeção pode manifestar-se através dos sintomas abaixo. Se suspeita que o seu filho esteve em contacto com a bactéria, não está com a vacina contra o tétano em dia e apresenta estes sinais, vá de imediato ao médico.
- Agitação
- Irritabilidade
- Mal-estar
- Dificuldade em abrir a boca devido às contrações musculares dos maxilares.
- Dificuldade em engolir.
- Contração dos músculos da cara que dão à criança uma expressão de sorriso fixo.
- Espasmos musculares no pescoço, costas, abdómen e membros. Estes espasmos podem tornar-se extremamente dolorosos e prolongar-se por 10 a 14 dias.
- Dor de cabeça
- Faringite
- Dificuldade em respirar provocada pelos espasmos.
- Convulsões (recém-nascidos)
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação do quadro clínico ou através do isolamento da bactéria por meio da cultura específica da mesma.
Na maioria das vezes, o tétano é generalizado, afetando os músculos esqueléticos ao longo do corpo. No entanto, existem casos em que a infeção é localizada, verificando-se nos músculos perto da abertura de uma ferida.
Tratamento do tétano
Se suspeitar que o seu filho apanhou uma infeção através de uma ferida deve levá-lo de imediato ao médico. O tratamento será definido de acordo com a gravidade da infeção.
Em caso de tétano, deverá ser administrada a imunoglobina antitetâtica humana, com a maior rapidez possível juntamente com a vacina. Contudo, tanto a imunoglobina antitetâtica humana, como a vacina devem ser administradas em locais do corpo diferentes, para que o efeito da vacina não seja desativado. Esta é depois repetida 2 semanas mais tarde, e reforçada 6 a 12 meses depois.
A criança deverá permanecer em internamento hospitalar, nos cuidados intensivos. Irá receber antibióticos, como penicilina, medicamentos para relaxar os músculos e ventilação mecânica em caso de risco de asfixia.
Com o tratamento adequado, a criança deverá começar a sentir melhoras cerca de 3 semanas após a infeção.
Duração da doença
A duração da infeção é imprevisível pois depende da gravidade do caso.
Prevenção do tétano
Como vimos acima, o tétano é praticamente inexistente nos países desenvolvidos graças à vacina. A vacina faz parte do Plano Nacional de Vacinação em Portugal e consiste numa toxina tetânica previamente tratada e desintoxicada.
A vacina contra o tétano é normalmente administrada juntamente com as vacinas contra a difteria e contra a tosse convulsa. Esta vacina é conhecida como tríplice ou DTPa e é administrada aos 2, 4, 6 e 18 meses de idade, e aos 5-6 anos de idade. Aos 10-13 anos é feito outro reforço, apenas juntamente com a vacina contra a difteria (conhecida como vacina Td). Após este reforço, a vacina contra o tétano deve ser reforçada até ao fim da vida, de 10 em 10 anos. A vacina contra o tétano é normalmente bem tolerada.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.
Referência: As Doenças das Crianças, de Ariane Brand, Médica Pediatra, Ed. Oficina; SNS 24; MSD Manuals