A endometriose é uma doença silenciosa que afeta cerca de uma em cada dez mulheres em idade fértil. Estima-se que, em todo o mundo, aproximadamente 178 milhões de mulheres sofram de endometriose, conforme relata o jornal The Guardian. Neste artigo, saiba o que é a endometriose, os seus sintomas, o tratamento e de que forma pode a endometriose afectar a fertilidade.
Endometriose e gravidez
A endometriose pode dificultar a gravidez?
Sim, a endometriose pode dificultar a gravidez. Esta condição provoca a presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, podendo afetar a função dos ovários, das trompas de Falópio e do próprio útero. A inflamação crónica e a formação de aderências podem dificultar a fecundação e a implantação do embrião, reduzindo as probabilidades de uma gravidez natural.
A endometriose pode provocar infertilidade?
Sim, a endometriose está associada a uma maior taxa de infertilidade. Estima-se que cerca de 30% a 50% das mulheres com endometriose tenham dificuldades em engravidar. A doença pode alterar a qualidade dos óvulos, dificultar o transporte do espermatozóide e do óvulo nas trompas de Falópio e interferir com a implantação do embrião no útero.
Apesar disso, muitas mulheres com Endometriose conseguem engravidar, embora possam enfrentar maiores dificuldades. Dependendo da gravidade da doença, pode ser necessário recorrer a tratamentos de fertilidade. A remoção cirúrgica de focos de Endometriose pode melhorar as chances de conceção.
Também, muitos casos de infertilidade devido à endometriose podem ser tratados com técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
A endometriose apresenta riscos para a gravidez?
Sim, é possível que, dependendo dos casos, a endometriose possa aumentar o risco de complicações durante a gravidez. As mulheres com esta condição têm um risco acrescido de aborto espontâneo, gravidez ectópica, parto prematuro e hipertensão gestacional. Além disso, a placenta pode apresentar alterações na sua fixação, aumentando o risco de descolamento prematuro da placenta ou restrição do crescimento fetal. O acompanhamento médico especializado por um ginecologista obstetra é essencial para minimizar estes riscos.
A gravidez ajuda a controlar os sintomas da endometriose?
A gravidez pode aliviar temporariamente alguns sintomas da endometriose, mas não é uma cura. Durante a gestação, os níveis elevados de progesterona reduzem a atividade do tecido endometriótico, o que pode diminuir a dor. No entanto, após o parto e o regresso do ciclo menstrual, os sintomas podem voltar.
A endometriose pode prejudicar o parto?
A endometriose pode aumentar a probabilidade de parto por cesariana, devido a fatores como a presença de aderências na região pélvica ou complicações na placenta. Em alguns casos, a doença pode provocar contrações uterinas irregulares, afetando o trabalho de parto. No entanto, com um bom acompanhamento obstétrico, a maioria das mulheres com endometriose consegue ter um parto seguro.
Saiba mais sobre a Endometriose…
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença crónica caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero) fora da cavidade uterina, nomeadamente na região pélvica, ovários, trompas, bexiga e intestino. Esta condição pode começar na primeira menstruação e regredir com a última.
Embora seja raro a endometriose pode também afetar orgãos mais distantes da cavidade abdominal como é o caso dos pulmões.
Estudos revelam que a endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva. Entre aquelas com problemas de infertilidade, essa prevalência sobe para cerca de 25% a 45%.
Sintomas da endometriose
O sintoma mais comum da endometriose é a dor, que na maioria das vezes é muito incapacitante, dificultando um dia-a-dia normal quando se manifesta.
Contudo os sintomas da endometriose podem variar, mas frequentemente incluem:
- Cólicas menstruais intensas (dismenorréia)
- Dor durante a relação sexual (dispareunia)
- Dor pré-menstrual
- Dor na região pélvica
- Sangramento menstrual intenso e irregular
- Alterações urinárias (normalmente relacionadas com o período menstrual)
- Alterações intestinais (normalmente relacionadas com o período menstrual)
- Infertilidade
Diagnóstico e tratamento da endometriose
O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador devido à falta de informação e ao facto de muitos profissionais de saúde não estarem sensibilizados para a doença. Muitas mulheres sofrem durante anos antes de obter um diagnóstico final.
A ausência de lesões de endometriose dificulta o diagnóstico, contudo a história clínica, o exame médico, a ecografia e a ressonância magnética são os mais comuns e eficazes para o seu diagnóstico. A escolha de um ginecologista especialista em endometriose também poderá ser muito importante, pois está mais familiarizado com a doença e terá mais facilidade em encontrar lesões de endometriose.
Por último, o exame para diagnóstico definitivo é feito através de uma análise de tecido obtido por biópsia do orgão afetado.
A endometriose não tem cura, e o tratamento é focado no alívio da dor e dos outros sintomas, aumento das possibilidades de gravidez e redução dos focos de endometriose.
Como prevenir a endometriose?
Embora não seja possível prevenir completamente o desenvolvimento da endometriose, é possível reduzir os níveis de estrogénios no organismo, o que pode diminuir a probabilidade de ocorrência da doença. Para isso, é importante:
- Evitar o consumo excessivo de álcool e cafeína
- Escolher o método de contraceção mais adequado
- Praticar exercício físico regularmente para reduzir a massa gorda
A endometriose é uma doença que afeta muitas mulheres em idade fértil, causando dor e outras complicações. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida das pacientes. Se suspeita que sofre de endometriose, consulte um profissional de saúde para avaliação e orientações adequadas.
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