Condição contrária à anidrose, é a doença que se caracteriza pelo suor excessivo.
O suor é um mecanismo fulcral para a regulação da temperatura do organismo, que é controlado pelo sistema nervoso autónomo.
O que é a hiperidrose?
A hiperidrose é uma doença que, normalmente surge na infância, e consiste na produção excessiva de suor. Habitualmente, regista-se especialmente nas crianças do sexo feminino. De acordo com a rede hospitalar CUF, os sintomas tendem a agravar durante a adolescência.
Há dois tipos de Hiperidrose: a hiperidrose focal primária, que surge em certas zonas do corpo e que não surge como consequência de outras patologias; e a hiperidrose secundária que surge na sequência de outras manifestações clínicas.
Esta condição afeta cerca de 1% da população.
Sintomas da hiperidrose
Esta condição manifesta-se através de suor intenso nas palmas das mãos (hiperidrose palmar), axilas (hiperidrose axilar), ou nos pés (hiperidrose plantar). Pode surgir apenas numa zona do corpo ou em várias zonas em simultâneo.
Embora não seja uma doença grave, a hiperidrose, pode condicionar e alterar o dia a dia das pessoas e a forma como se relacionam com outras, sendo altamente limitante no contacto social. Assim, as suas consequências podem agravar a incidência de transtornos psicológicos e o isolamento dos que têm esta patologia.
Quais as suas causas?
Ainda que não se saiba ao certo as causas da hiperidrose primária, sabe-se que está associada a uma desregulação do sistema nervoso simpático.
Segundo informação avançada pela CUF, “pesquisas recentes demonstraram que os indivíduos com hiperidrose não são mais propensos a ansiedade, nervosismo ou stress emocional do que o restante da população quando expostos aos mesmos elementos. De facto, a relação é inversa e é a hiperidrose que condiciona alterações emocionais e psicológicos motivadas pela transpiração excessiva”.
De acordo com a fonte, alguns estudos demonstraram que há certos genes que podem ser um fator importante aquando do desenvolvimento da doença.
Já a hiperidrose secundária (que surge na sequência de uma outra doença) pode ser desencadeado por outras doenças/transtornos, como:
- Lesão da espinal medula;
- Ansiedade;
- Diabetes;
- Doença cardíaca;
- Hipertiroidismo;
- Obesidade;
- Doença de Parkinson;
- Gravidez;
- Insuficiência respiratória;
- Zona (causada pelo vírus herpes zoster);
- Alguns tipos de cancro, como a doença de Hodgkin;
- Algumas infeções (HIV, malária, tuberculose).
- Medicamentos, incluindo alguns antidepressivos, anticolinesterásicos (para a doença de Alzheimer), pilocarpina (para o glaucoma), propranolol (para a hipertensão).
Como é realizado o diagnóstico?
Para tirar a prova dos nove, o médico pode solicitar a realização de vários exames – colheitas sanguíneas e de urina (que podem ajudar a despistar outras condições, como hipertiroidismo ou hipoglicemia).
Além disso, o médico assistente irá ainda procurar analisar os padrões de transpiração da pessoa (quais as partes do corpo mais afetadas, a frequência dos episódios e se acontecem durante o sono).
Pode ainda efetuar-se o teste termorregulatório de suor, que se trata da aplicação de um pó sensível à humidade na pele. Quando há transpiração excessiva sem causa, o pó muda de cor. “O paciente é exposto a altas temperaturas e humidade, o que desencadeia a transpiração. Quando expostas ao calor, pessoas que não têm hiperidrose tendem a não suar excessivamente nas palmas das mãos, ao contrário dos pacientes com esta patologia. Este teste também ajuda o médico a determinar a gravidade da condição”, explica o portal da rede hospitalar.
Tratamento da hiperidrose
Em casos menos graves o médico pode recorrer a tratamentos locais como antitranspirantes, que secam as glândulas responsáveis pela produção do suor. Existem outros medicamentos que também podem resultar, como os derivados da toxina botulínica ou botox.
Quando o tratamento delineado não é eficaz, pode ainda ser realizado uma simpaticectomia, procedimento cirúrgico, com vista a curar esta condição.
A simpaticectomia remove uma porção do sistema nervoso simpático, situado no torax. Esta cirurgia é feita recorrendo a uma anestesia geral.
Após a cirurgia, o paciente tem alta ou no próprio dia ou no dia seguinte. É possível que surja alguma dor no pós-operatório, controlável através de medicação analgésica prescrita pelo médico.
Como em qualquer intervenção cirúrgica, há possibilidade de complicações – ainda que remota (estima-se que a probabilidade é inferior a 1%).
Existem no entanto outros risco mais comuns como a sudorese compensatória, na face, abdómen, costas, coxas e pés. Embora raro e frequentemente reversível, pode ainda surgir o síndrome De Claude-Bernard-Horner, caracterizada essencialmente por queda da pálpebra, pupila pequena, e falta de suor num dos lados da face.
Apesar destas possíveis complicações, a taxa de sucesso da cirurgia é de cerca de 95% para os que têm hiperidrose palmar, cerca de 75% no caso de hiperidrose axilar e em 25% dos casos os doentes podem sentir melhorias no suor excessivo dos pés (embora a cirurgia não tenha o objectivo de controlar a sudorese plantar).
Como prevenir?
A prevenção pode ser feita adotando determinados cuidados:
- Usar, de preferência, tecidos leves e respiráveis, como algodão e seda;
- Usar meias em fibras repelentes da humidade dos pés (lã merino);
- Fazer a sua higiene com um sabão antibacteriano de forma a controlar as bactérias que podem estar na pele suada e são as causadoras de odores desagradáveis;
- Secar totalmente a pele depois do banho;
- Usar antitranspirante;
- Evitar alimentos picantes, álcool e bebidas quentes que são estimulantes da hiperidrose.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.