Pré-eclâmpsia e Sindrome Hellp. A síndrome Hellp é uma complicação obstétrica grave, mas raríssima (menos de 1% de todas as gravidezes podem evoluir para esta situação), que pode causar a morte da mãe e do bebé.
É uma complicação pouco conhecida e de difícil diagnóstico, que ocorre somente durante a gravidez e no período que se segue imediatamente ao parto.
A síndrome Hellp representa uma forma de pré-eclâmpsia grave e é caracterizada por um conjunto de alterações laboratoriais que incluem destruição dos glóbulos vermelhos, compromisso do fígado e compromisso da coagulação do sangue.
Pode provocar também insuficiência renal, problemas no fígado ou edema agudo no pulmão na mãe e parto prematuro.
Pré-eclâmpsia e Sindrome Hellp
Síndrome Hellp: o que é
A designação “Síndrome Hellp” tem origem na designação inglesa da doença (Hemolytic anemia Elevated Liver enzymes, Low platelet count) e deriva das próprias características da doença:
- H (hemólise: destruição dos glóbulos vermelhos – Haemolysis)
- EL (aumento das enzimas hepáticas com compromisso do fígado – Elevated liver enzymes)
- LP (descida do número de plaquetas com compromisso da coagulação do sangue – Low platelet count)
Esta síndrome descreve a situação onde o organismo da mãe acaba por se auto-atacar. A principal causa desta síndrome relaciona-se com a doença hipertensiva da gravidez (pré-eclâmpsia). Ou seja, uma hipertensão particular da gestação que se desenvolve a partir dos 4 – 5 meses de gravidez.
Em alguns casos, a mulher pode ter hipertensão prévia à gravidez mas é mais frequente o seu surgimento depois da primeira metade da gestação.
A síndrome de Hellp é uma situação que pode ser prevenida e tratada quando diagnosticada numa fase inicial da gravidez.
Fatores de risco
- Idade da mulher (gravidez mais tardia);
- Pré-existência de doenças crónicas do coração ou rins;
- Diabetes;
- Pressão arterial elevada;
- Excesso de peso;
Sintomas
- Dores de cabeça persistentes;
- Náuseas e vómitos;
- Inflamação e dores abdominais;
- Hemorragia;
- Edema;
- Hipertensão;
- Proteinúria;
- Perturbações da visão.
Quando a situação se intensifica, pode dar origem a edema agudo dos pulmões, insuficiência renal, falência cardíaca, hemorragias e rutura do fígado. Nas situações mais graves, pode ocorrer morte materna.
Diagnóstico e prevenção
O diagnóstico precose é fundamental para prevenir a evolução da pré-eclâmpsia para síndrome de Hellp.
Atualmente, há testes laboratoriais que permitem, numa fase muito inicial da gravidez (nas primeiras 12 semanas), detetar substâncias produzidas pela placenta e que se sabe terem um comportamento diferente nas mulheres que poderão vir a desenvolver hipertensão.
Os dados do exame são associados à ecografia obstétrica e à história clínica da mulher (idade, peso, diabetes, etc.). Doses reduzidas de aspirina ou cálcio, vitaminas C e E, e ácido fólico, podem ajudar a prevenir a pré-eclâmpsia e, consequentemente, a incidência de Hellp.
Tratamento
Nos casos graves, o único tratamento eficaz é a interrupção da gravidez, independentemente da idade da mesma. Caso seja necessário atuar numa fase inicial da gestação, o feto não consegue sobreviver devido a prematuridade.