A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto lançou a campanha “Parir Sozinha Não”. Este movimento pretende denunciar o impedimento da presença do acompanhante da grávida nas consultas, exames e no próprio parto.
A campanha, que foi lançada com o slogan “Mais vale parir no shopping. Pelo menos não tens restrições de acompanhamento”, é iniciada no decorrer de vários pedidos de ajuda, à associação, por parte de grávidas. E
Em causa está o facto de considerarem que os seus direitos não estão a ser assistidos, ao ser negada, desde o início da pandemia de Covid-19, a presença de acompanhantes nas salas de parto ou em ecografias e outros exames ou consultas.
Isabel Valente, membro da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto condena a situação, em declarações à Agência Lusa. “É incompreensível e injusto que, neste momento, possamos passear livremente no shopping, que possamos ir à praia ou ao restaurante cheio de gente ou a espetáculos, mas que as mulheres continuem privadas do seu direito a acompanhante no momento do parto”.
A campanha “Parir Sozinha Não” está a ser fortemente divulgada nas redes sociais e nas plataformas online da associação. Tem um único objetivo: denunciar o impedimento da presença de acompanhantes, que pode causar um profundo mal-estar nas grávidas.
“O momento do nascimento de um filho ou filha é um momento irrepetível e absolutamente precioso para a vida de uma família. Estamos a roubar às famílias esse momento precioso, que tem um impacto profundo na saúde da mulher, como também na do bebé e construção da nova família”, acrescentou Isabel Valente.
À semelhança de outras iniciativas, esta campanha tem como objetivo alertar a Direção-Geral de Saúde (DGS) e pedir que seja feita uma revisão das orientações. Segundo Isabel Valente, é necessário alinhar as normas com o que é defendido pela Organização Mundial de Saúde, “que dizem que até uma grávida que tenha testado positivo para a covid-19 tem direito a acompanhante”.
Ainda em declarações à Agência Lusa, a 3 de setembro, a fundadora da Associação, Sara Vale, pediu à DGS uma revisão urgente das orientações estabelecidas para instituições hospitalares para mulheres grávidas ou em trabalho de parto.
“O nosso objetivo é que se reveja as orientações, que dão autonomia aos serviços hospitalares para se organizarem conforme conseguem, mas a verdade é que assim que a DGS muda as suas políticas, os hospitais mudam também, ou seja, a DGS diz que cada hospital organizar-se-á como for mais conveniente e os serviços dizem que a DGS ainda não mudou as orientações”.
Segundo a responsável da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto e a promotora da campanha “Parir Sozinha Não”, a DGS está a deixar ao critério de centros hospitalares a decisão de permitir acompanhamento para grávidas.
Simultaneamente também decorre uma petição pública pelo “Direito ao acompanhamento da grávida nas consultas, procedimentos e no parto”, que já ultrapassa largamente as seis mil assinaturas.