Comer mais devagar é um conselho dado a miúdos e graúdos, e tem mesmo uma base científica que prova os seus benefícios. Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que se debruçou sobre comportamentos alimentares revelou que é mesmo mais saudável para as crianças comer mais devagar.
A investigação procurou avaliar a associação entre os comportamentos alimentares de crianças com 7 anos de idade e a saúde cardiometabólica aos 10. Uma das principais conclusões foi que crianças que comem rapidamente e pedem constantemente por comida apresentam um maior risco de sofrer de problemas cardiovasculares anos mais tarde.
Já crianças com 7 anos que comem mais devagar, apresentam maior resposta à saciedade e têm menor risco cardiometabólico aos 10. Deixar comida no prato quando estão satisfeitas é o melhor exemplo disso.
Uma das autoras da investigação sublinhou que ter esta noção pode ser um grande apoio na prevenção de doenças cardiovasculares, que podem resultar em aterosclerose. Este processo de formação de placas de gordura nas artérias, que dificulta a passagem do sangue, começa no início da vida, apesar de as suas consequências só se revelarem mais tarde.
Neste estudo participaramas quase 3 mil crianças que fazem parte do grupo Geração XXI. Este grupo integra 8600 participantes, nascidos nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto. Triglicerídeos, colesterol, resistência à insulina, pressão arterial sistólica e perímetro da cintura foram alguns dos parâmetros analisados e complementados com inquéritos realizados aos pais das crianças.
Os investigadores consideram que os pais têm uma grande influência nestas questões comportamentais, assim como o ambiente em que a criança está inserida. Questões a considerar na prevenção da obesidade infantil.
A obesidade infantil é atualmente referida como uma epidemia dos dias modernos, algo que não é surpreendente visto que a própria Organização Munidal de Saúde (OMS) já considerou esta patologia como um dos desafios da saúde pública do século XXI.
9 de dezembro 2022